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Safra volta atrás e adere ao plano de reestruturação da Americanas

Com apenas quatro dias de antecedência da assembleia geral de credores da Americanas, o Banco Safra anunciou na noite da última sexta-feira (15) um recuo ao optar por aderir aos parâmetros delineados no plano de reestruturação proposto pela empresa em 27 de novembro foi a decisão tomada. Agora, a companhia tem o respaldo de nove entidades financeiras, sendo que a inclusão do Safra foi divulgada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”.

Após o entendimento entre Bradesco, Itaú, BTG Pactual e Santander, que foi anunciado em novembro, cerca de 35% da dívida total de R$ 42,5 bilhões recebeu apoio ao plano proposto. Posteriormente, o Banco Votorantim e o Daycoval também endossaram o plano. Recentemente, na última sexta-feira (15), o ABC Brasil e o Itaú Asset se uniram a essa lista, resultando em mais de 47% de apoio, conforme informado pela varejista em um comunicado importante.

A inclusão do Safra elevou o aval ao plano para 53% da dívida, de acordo com o cálculo do Valor, excluindo os debenturistas, que também estão avançando nas negociações, segundo fontes informaram. Os bancos fazem parte da classe “sem garantia real”, onde a aprovação requer o apoio de mais de 50% das dívidas, em valor, e daqueles presentes na assembleia.

Em uma recuperação judicial, existem quatro classes: trabalhista, garantia real, quirografários (sem garantia) e pequenas e microempresas. Conforme a legislação, um plano é aprovado quando há maioria de votos em cada classe. O quórum legal difere em cada classe, sendo maioria simples dos presentes nas classes trabalhista e pequenas e microempresas, enquanto nas garantias reais e sem garantias, é necessária a maioria dos presentes e dos créditos presentes (valor total devido).

Termos do acordo do plano

Pelo acordo firmado em novembro, os bancos apoiarão o plano de recuperação judicial a ser votado em breve, convertendo parte da dívida em ações após a homologação do plano. Essa conversão representará R$ 12 bilhões, somando-se ao aporte de igual valor dos sócios Beto Sicupura, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles. Além disso, os bancos receberão bônus de subscrição por cada três novas ações emitidas e fornecerão uma fiança bancária de R$ 1,5 bilhão. Após o aumento de capital, a Americanas usará até R$ 8,7 bilhões para quitar dívidas financeiras, através de um leilão reverso ou de pagamentos antecipados com desconto. Essas ações visam reduzir a dívida bruta da empresa para aproximadamente R$ 1,875 bilhão. Os sócios e a Americanas não se pronunciaram quando procurados para comentários.

As negociações

Bradesco e Safra demonstraram inicialmente reações desfavoráveis ao plano proposto pela varejista, mas posteriormente houve adesão ao acordo de recuperação. O Safra, inicialmente resistente, mudou de postura após avanço em conversas recentes com representantes da empresa e do banco Rothschild, responsável pela negociação. Anteriormente, o Safra havia protocolado uma petição no processo judicial, criticando o plano vigente por supostas irregularidades, incluindo alegações de coação dos credores e tratamento desigual entre eles. No entanto, o banco não se pronunciou sobre o motivo da mudança de posição e a adesão ao novo acordo.