
O Santander Brasil (SANB11), quinto maior banco do país, pode ser o próximo a tirar suas ações da bolsa brasileira. A filial do espanhol abriu seu capital em 2009, captando cerca de R$14,1 bilhões.
Neste tempo, a ação subiu 35%, enquanto o Itaú (ITUB4) valorizou 193% no mesmo período.
Quais os motivos do fechamento do capital?
O Santander Brasil negocia suas ações a um preço abaixo dos múltiplos da holding na Espanha, além disso a instituição negocia apenas 10% das ações em circulação no mercado (free float), equivalente à cerca de R$11,2 bilhões – valor considerável viável, dada a geração atual de caixa do grupo.
Além disso, o controlador obteria um lucro maior por ação já que a Santander Espanha negocia os ativos a valores mais acessíveis.
Em conversa com analistas, o CEO do banco, Mário Leão, foi questionado sobre o tema e respondeu que “não se surpreenderia caso o grupo optasse por fechar o capital”.
A Genial Investimentos levantou um possível argumento que envolve o cenário político atual: “Há expectativa de valorização das ações brasileiras, o que poderia motivar uma movimentação antecipada do controlador para evitar uma deterioração na relação de troca com minoritários”, afirma o relatório.
Não seria atípico para a instituição
O Santander já fechou o capital de sua filial no México em 2023.
No Brasil, em 2014, propôs uma troca de ações aos minoritários, com um prêmio de cerca de 20% sobre o valor de mercado.
Na época, porém, a instituição afirmou que não tinha intenção de sair da bolsa brasileira, mas sim melhorar a avaliação das suas ações.
Mais recentemente, em maio de 2022, o grupo realizou uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para comprar e deslistar a Getnet, sua operação de adquirência.
De olho nas Américas
Enquanto isso, a CEO global, Ana Botín, tem reiterado o foco na expansão nas Américas, especialmente nos EUA.
Com alta rentabilidade e excesso de capital, o grupo hoje possui mais liberdade para gerir suas subsidiárias sem depender de aumento de capital via mercado, prática muito comum no passado.
Exemplo disso foi a venda de 49% do Santander Bank Polska e 50% da gestora Santander TFI ao Erste Group Bank (Áustria) por US$7,91 bilhões, baixando sua participação no Santander Polônia para 13%.
“Dado que a operação deixou de ser controlada, não surpreenderia uma venda completa dessa unidade. Com isso, Brasil e Chile permaneceriam como as únicas subsidiárias listada, além da holding na Espanha”, diz a Genial.
Banco apresenta uma robustez em caixa
Ainda segundo a corretora, o grupo mantém uma posição de capital robusta, com CET1 projetado em 13% até o fim de 2025, o que aumenta sua capacidade de fazer movimentos estratégicos relevantes.
CET1 (Common Equity Tier 1): principal indicador de solvência dos bancos. Mede o percentual de capital de alta qualidade em relação aos ativos ponderados pelo risco.
Noutro giro, o relatório pondera que o grupo historicamente realiza recompras ou fechamento de capital quando os ativos estão descontados por fraqueza operacional.
“Dado que o Santander Brasil vem apresentando bons resultados recentemente, esse tipo de movimento pareceria menos provável no curto prazo”, finaliza.
No ano, a ação SANB11 sob 26%.