Saraiva negocia ativos e recebe R$ 160 milhões para abater dívidas

A livraria negociou o ponto de uma loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo, em um leilão judicial realizado nesta semana, além de créditos tributários

A Saraiva, ex-líder de mercado de livrarias no Brasil, ganhou sobrevida para superar sua crise financeira e tentar sair de um processo de recuperação judicial que já dura mais de três anos. A empresa vendeu o ponto de uma loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo, atualmente alugada pela varejista Centauro, em um leilão judicial realizado nesta semana, além de créditos tributários, de acordo com o jornal “Estadão”. 

Com o leilão, a livraria abaterá cerca de R$ 160 milhões de sua dívida, que já está na casa de R$ 500 milhões. O negócio será concretizado apenas após homologação judicial das propostas vencedoras.

O espaço agora ocupado pela loja de esportes Centauro era o único ponto que ainda pertencia à Saraiva – o restante das lojas abertas funciona apenas em áreas alugadas. Os créditos tributários pertenciam originalmente ao Banco do Brasil (BBAS3), mas estão hoje nas mãos do fundo Travessia, do BTG Pactual. 

De acordo com o plano de recuperação judicial, estes eram os únicos ativos disponíveis para venda. Anteriormente, a companhia tentou vender seu e-commerce (Saraiva.com), ativo que foi a leilão em mais de uma ocasião, sem sucesso.

No último relatório divulgado, o administrador judicial, a RV3, informa que a Saraiva registrou um prejuízo de R$ 15,8 milhões de janeiro a abril deste ano, mais do que o registrado em todo 2021.

Segundo o mais recente resultado da empresa, referente a março, a Saraiva tinha 34 lojas. No início de 2017, um ano antes da recuperação judicial, eram 113 lojas. A mineira Leitura, que assumiu algumas lojas que anteriormente eram da Saraiva, é a líder do setor atualmente.

Em 23 de novembro de 2018, a Saraiva pediu recuperação judicial. Na época, a livraria possuía uma dívida de R$ 674 milhões e encerrou as atividades de 19 pontos de venda, sendo 11 lojas tradicionais e oito unidades iTown, que vendiam produtos de tecnologia da marca Apple (AAPL34).