Presidente do conselho para a América Latina do site chinês de fast fashion Shein, o bilionário boliviano Marcelo Claure, de 52 anos, reconheceu o mercado brasileiro como o mais importante para a empresa fora da China.
Em entrevista para a revista Veja, Claure elencou os motivos de ter escolhido o Brasil para ser o primeiro País a ter uma fábrica da companhia fora da nação asiática.
“Brasil sempre me impressiona porque tem as maiores marcas digitais. O consumidor brasileiro se adapta muito rápido à tecnologia e sempre gosta de coisa boa e nova. É um dos três mercados do mundo em crescimento e em vendas para a Shein. É a maior aposta da Shein fora da China. O mundo vive uma tendência de desglobalização e do nearshoring, em que todas as grandes empresas começam a fabricar mais perto do cliente. A Shein escolheu o Brasil como o primeiro mercado para fazer isso. Firmamos um compromisso inicial de ter pelo menos 2 000 fábricas em todo o país e contratar, por meio de nossos parceiros, 100 000 pessoas. Essa iniciativa significa um compromisso de dar uma vida nova à indústria têxtil do Brasil, setor que não tem crescido muito, porque as grandes marcas brasileiras fazem a mesma coisa que nós, importam o produto de fora e vendem internamente”, disse o CEO.
Na ocasião, ele também falou sobre os bastidores que levaram a Shein a anunciar sua expansão no País. “Na vida, há instantes decisivos. E o momento do nosso crescimento no Brasil combinou com uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Escutei a estratégia do governo de fortalecer os fabricantes têxteis. Algumas semanas antes, eu viajei para o Brasil. Conversei com muitos políticos, incluindo o senador Jaques Wagner, e todos me falaram que a fabricação no Nordeste é decisiva para o crescimento da indústria no país. Isso nos abriu uma perspectiva para decidirmos acelerar algo que chegaria em dois ou três anos”, relatou.
Shein vai investir R$ 750 milhões no Brasil
A chinesa Shein anunciou em abril que vai investir R$ 750 milhões no Brasil e estabelecer parceria com dois mil fabricantes locais. A expectativa da gigante asiática é que, até o final de 2026, cerca de 85% de suas vendas sejam locais, tanto de fabricantes como de vendedores.
De acordo com a publicação, a ideia é que os produtos fabricados no Brasil também sejam exportados para outros países da América Latina. Ainda sem esclarecer em quais regiões estão estas fábricas parcerias, a empresa afirma que serão criadas aproximadamente 100 mil empregos nos próximos três anos para produzir peças com a marca Shein. É um modelo de negócios semelhante ao que a empresa tem na China.
“Temos a satisfação de anunciar hoje um robusto investimento na produção têxtil local, estabelecendo parceria comercial com cerca de 2 mil fabricantes brasileiros e gerando aproximadamente 100.000 novos empregos nos próximos três anos”, disse em carta assinada pelo CEO da empresa, Yuning Liu, ao qual o jornal teve acesso.
A cifra milionária de investimento é um valor inicial, segundo eles. Será usada para fornecer tecnologia e treinamento aos fabricantes a fim de atualizar seus modelos atuais de produção para o modelo sob demanda da Shein.
De acordo com a plataforma, isto permitirá aos produtores locais gerenciar melhor os pedidos, reduzir o desperdício e diminuir o excesso de estoque, resultando em uma maior agilidade para responder à demanda do mercado.