O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo pode rever a alíquota de importação de 60%, que incide sobre o valor aduaneiro. A discussão sobre a cobrança da taxa é motivada, sobretudo, por produtos de empresas estrangeiras como as companhias de comércio on-line Shein, Aliexpress e Shopee.
A afirmação de Haddad foi feita em entrevista à emissora GloboNews, na última sexta-feira (26). O ministro não deu detalhes sobre a eventual alteração do imposto. Observou apenas que discutirá o tema com representantes do setor de varejo e com estados, que também cobram tributos sobre a circulação de mercadorias (ICMS). “O que não posso é manter a situação como está”, disse.
Em abril, o governo havia anunciado que acabaria com uma isenção de até US$ 50 para encomendas internacionais entre pessoas físicas. O benefício favoreceria, de forma irregular, as empresas chinesas. Elas estariam escapando da taxação, em detrimento do varejo nacional.
Poucos dias depois, e a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad desistiu de adotar a medida. Na ocasião, disse que a Receita Federal reforçaria a fiscalização sobre essas companhias. Depois disso, a Shein anunciou um plano de investimentos de R$ 750 milhões para produzir no Brasil. A Shopee inaugurou dois novos centros de distribuição, os primeiros da empresa no Nordeste.
Com informações do portal Metrópoles, parceiro do BP Money.
Shein: Brasil é a maior aposta da empresa fora da China, diz CEO
Presidente do conselho para a América Latina do site chinês de fast fashion Shein, o bilionário boliviano Marcelo Claure, de 52 anos, reconheceu o mercado brasileiro como o mais importante para a empresa fora da China.
Em entrevista para a revista Veja, Claure elencou os motivos de ter escolhido o Brasil para ser o primeiro País a ter uma fábrica da companhia fora da nação asiática.
“Brasil sempre me impressiona porque tem as maiores marcas digitais. O consumidor brasileiro se adapta muito rápido à tecnologia e sempre gosta de coisa boa e nova. É um dos três mercados do mundo em crescimento e em vendas para a Shein. É a maior aposta da Shein fora da China. O mundo vive uma tendência de desglobalização e do nearshoring, em que todas as grandes empresas começam a fabricar mais perto do cliente. A Shein escolheu o Brasil como o primeiro mercado para fazer isso. Firmamos um compromisso inicial de ter pelo menos 2 000 fábricas em todo o país e contratar, por meio de nossos parceiros, 100 000 pessoas. Essa iniciativa significa um compromisso de dar uma vida nova à indústria têxtil do Brasil, setor que não tem crescido muito, porque as grandes marcas brasileiras fazem a mesma coisa que nós, importam o produto de fora e vendem internamente”, disse o CEO.
Na ocasião, ele também falou sobre os bastidores que levaram a Shein a anunciar sua expansão no País. “Na vida, há instantes decisivos. E o momento do nosso crescimento no Brasil combinou com uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Escutei a estratégia do governo de fortalecer os fabricantes têxteis. Algumas semanas antes, eu viajei para o Brasil. Conversei com muitos políticos, incluindo o senador Jaques Wagner, e todos me falaram que a fabricação no Nordeste é decisiva para o crescimento da indústria no país. Isso nos abriu uma perspectiva para decidirmos acelerar algo que chegaria em dois ou três anos”, relatou.