O grupo Stellantis, dono das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, prevê um aumento de 10% nas vendas de veículos leves em 2022, chegando a 2,4 milhões de unidades comercializadas.
“Seguramente será um ano melhor do que esse. Em geral, meu ponto de vista é 360 graus otimista, mas, logicamente sem soltar foguetes”, disse nesta sexta (10) o presidente do grupo na América do Sul, Antonio Filosa.
Na conta da cautela estão as volatilidades trazidas pelo ano eleitoral, as oscilações do câmbio e o preço de insumos, que podem ter efeito sobre os preços finais.
“Não apenas a inflação, mas toda a estrutura de custos. Temos que ver o que vai acontecer com o aço, com as resinas plásticas. Tudo precisa ser ponderado”, diz. “O que a montadora pode fazer é acelerar a eficiência.”
As dificuldades com o abastecimento de chips semicondutores ainda não está superada, mas o executivo diz ver condições mais favoráveis à normalização.
No início de outubro, 1.800 trabalhadores da fábrica da Fiat em Betim (MG) entraram em lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho), com duração de três meses. Na segunda (6), 970 voltaram à linha de produção.
Filosa disse que a convocação ocorreu porque a empresa viu condições de retomar a produção, mas entende que os problemas na cadeia de distribuição ainda não estão solucionados. “Há sinais claros de equilíbrio. Não vai se equilibrar perfeitamente. Vemos diariamente produtores tentando aumentar a oferta.”
Em abril, a Fiat interrompeu por dez dias o segundo turno de produção na fábrica mineira. Um mês antes, em março, parte da equipe ficou em férias coletivas, também como medida de ajustar a disponibilidade de peças ao ritmo de produção. O principal modelo fabricado na unidade é a picape Strada.
Filosa não detalha quanto as marcas da Stellantis deixaram de produzir devido à quebra das cadeias de semicondutores. A Anfavea (associação das montadoras) vem revisando mensalmente suas expectativas de produção e vê estoques baixos.
Segundo o executivo, porém, as perdas do grupo com a crise dos chips foram menores do que as de seus concorrentes. “Temos uma visão positiva de nossa performance.
Ganhamos de 2% a 2,5% de market share [fatia de mercado], por ter mais regularidade na produção e não queremos perder apenas porque os outros vão retomar a produção.”
A Fiat é líder de mercado no Brasil, e a picape Strada é o principal puxador de vendas da montadora. Em 2021, segundo o executivo, o ano foi bom -ele não diz se a operação deu lucro. “Ano passado foi breakeven [equilíbrio nas contas], este ano foi melhor”.
Para ele, os lançamentos feitos pelas empresas no grupo neste ano são “sementes” para um ano bom em negócios. Nesta semana, a Fiat anunciou a Nova Strada com câmbio automático. Em outubro, chegaram às lojas o utilitário Pulse.
Filosa também disse ver no Brasil um mercado potencial para os veículos híbridos, movidos pela combinação do etanol com a eletricidade. O uso do combustível produzido a partir de cana-de-açúcar é visto como vantajoso devido à estrutura de distribuição que, segundo ele, “abunda no Brasil, está por todos os locais e chega a todos os lugares.”