Em crise

Superbac tenta renegociar dívidas meses após aporte de R$ 300 mi da XP

A crise que enfrenta, segundo a empresa relatou aos credores, está relacionada à redução de cerca de 30% no mercado de fertilizantes

Foto: divulgação
Foto: divulgação

Mesmo após a Superbac anunciar um investimento significativo do fundo de private equity da XP, de de R$ 300 milhões, há dez meses, a companhia agora busca soluções através do sistema judicial para renegociar com seus credores. 

O pedido inclui uma solicitação de bloqueio temporário das cobranças, marcando uma reviravolta em sua situação financeira desde o investimento anunciado anteriormente.

A empresa apresentou um pedido de tutela cautelar antecedente na 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo. 

O pedido não é uma solicitação direta de recuperação judicial, mas busca antecipar alguns efeitos, visando uma mediação de reestruturação. Se houver acordo durante essa mediação, poderá ser evitado o processo judicial de recuperação.

A crise que enfrenta, segundo a empresa relatou aos credores, está relacionada à redução de cerca de 30% no mercado de fertilizantes, interrupções na cadeia de suprimentos internacionais e uma desaceleração recente no setor agrícola, que é seu principal cliente.

O escritório Galdino & Coelho está à frente da petição, que envolve uma dívida total de R$ 654 milhões. Entre os credores estão instituições como BTG, Santander, Daycoval e até mesmo o Banco XP, além de uma série de FIDCs, como Harpia, Sbk, Intrabank e Lotus.

A Superbac, uma empresa de biotecnologia estabelecida na década de 1990, trabalha na substituição de químicos por micro-organismos em setores como agricultura, saneamento, indústria de óleo e gás, e bens de consumo, destacando-se pelo seu apelo ESG. 

Desafios de gestão na Superbac

A XP inicialmente planejava investir através de uma Spac para tornar a Superbac uma empresa listada na bolsa americana.

No entanto, a estruturação do negócio mudou, e o investimento foi feito por meio de um veículo de private equity.

O fundo XP Private Equity II já realizou uma primeira revisão do valor do ativo em seu portfólio, reavaliando a fatia adquirida por R$ 300 milhões em março deste ano para R$ 240 milhões.

Além do investimento da XP, a Superbac também recebeu aportes no passado do fundo soberano de Cingapura, Temasek, e de David Feffer, acionista da Suzano.

Atualmente, estão em discussão com os credores diversas alternativas, incluindo um compromisso de novo aporte de capital dos acionistas em troca da reestruturação das dívidas.

As conversas abrangem também a possibilidade de mudança na equipe de gestão e liderança, reconhecendo que a administração não conseguiu mitigar os efeitos das variações nos preços das commodities com políticas de hedge adequadas ou lançar novos produtos e serviços para reduzir impactos.

Credores e acionistas institucionais avaliam que a empresa enfrentou dificuldades ao entrar na virada de mercado com estoques elevados, demorando para ajustar os valores e realizando poucas reduções de custos diante do cenário desafiador do ano passado.

Essa situação ocorreu logo após investimentos significativos em uma fábrica e centro de pesquisas no Paraná, deixando a empresa vulnerável às mudanças do setor.

Superbac e sua inovação biológica 

A descoberta crucial de Luiz Chacon Filho, CEO da Superbac, veio de uma bactéria encontrada no fundo do oceano, a sete quilômetros de profundidade. 

Essa descoberta não apenas intrigou como também cativou o interesse do private equity da XP Asset, resultando em um investimento significativo de R$ 300 milhões por uma parte minoritária substancial na empresa. 

À primeira vista, a história pode parecer curiosa, mas a explicação está na abordagem única da Superbac: uma empresa de biotecnologia especializada em isolar bactérias e criar misturas para substituir produtos químicos. 

Durante suas investigações, a Superbac identificou que esse micro-organismo encontrado nas profundezas do mar tinha potencial para se tornar um biodefensivo eficaz.