Seis redes de supermercados na Europa, incluindo uma subsidiária do Carrefour, afirmaram que suspenderam a venda de carne brasileira pois o produto tem “ligação” com o desmatamento na floresta amazônica. A Lidl Netherlands já anunciou que pretende parar de comercializar carne bovina advinda de qualquer região da América do Sul a partir de 2022, por não considerar biosustentável a forma que é produzido o produto no continente.
A maior produtora de carnes do mundo, a JBS, deve ser uma das mais afetadas pelo boicote. Especula-se que a medida é uma reação a investigação da Repórter Brasil, na qual alegou que a JBS comercializou a carne bovina de pastos em áreas desmatadas ilegalmente, em esquema chamado de “lavagem de gado”. O sistema se baseia na venda de uma terra de criação de gado em áreas desmatadas ilegalmente para fazendas legítimas, a fim de apagar rastros.
Neste ano, o desmatamento na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, atingiu o maior nível em 15 anos, sendo que a maior parte das terras devastadas são usadas para a criação de gado. Vale ressaltar que a região também sofreu com grandes queimadas no ano passado e em 2021, ação que tende a piorar após o desmatamento.
“Quando há processos de desmatamento, [ele] fragmenta a floresta em pequenas unidades e aumenta o ‘efeito de borda’: a borda da floresta vai ficando mais seca e mais suscetível aos incêndios florestais”, explica a professora da Universidade Federal de Brasília, Mercedes Bustamante à CNN.