
A derrota de Nelson Tanure na disputa por cadeiras no conselho de administração do GPA (Grupo Pão de Açúcar) teve reflexos imediatos e severos no mercado nesta terça-feira (6). Após ver seus dois indicados excluídos da nova composição do colegiado, o investidor decidiu liquidar quase toda a sua posição na companhia.
Apesar de o empresário ser conhecido por investir em empresas em dificuldades financeiras, a dissolução dos papéis feita por Tanure reflete uma possível desistência de um novo plano estratégico para a varejista — um movimento que frustrou expectativas de reestruturação e pesou sobre o humor dos investidores.
Como aquele que leva a bola pro jogo esperando mandar na partida, mas desiste quando percebe que não vai apitar o jogo, Nelson Tanure decidiu sair de cena. Ao perder espaço no Conselho do GPA, o investidor abandonou a estratégia e despejou suas ações no mercado.
Na assembleia que contou com participação de pouco mais de 81% dos acionistas, o nome mais votado foi o de Farael Ferri. Também foram escolhidos Edison Ticle, André Coelho Diniz e Líbano Barroso — este último indicado por Ronaldo Iabrudi, que igualmente garantiu uma vaga no conselho. Representando as indicações do Casino, foram eleitos o atual CEO do GPA, Marcelo Pimentel, além de Christophe José Hidalgo e Helene Ester Bitton.
Tanure tirou o GPA de seu carrinho
Fontes próximas ao assunto afirmam que Tanure se desfez de boa parte de suas ações — o equivalente a cerca de 10% do capital social da companhia se considerados também os derivativos (cerca de 49 milhões de papéis), segundo reportagem do Pipeline. Sem os instrumentos financeiros, a fatia direta era próxima de 5%.
A venda em massa, majoritariamente executada via a corretora do banco C6, levou o volume negociado no pregão a ultrapassar 106 milhões de ações, muito acima da média diária de 19,5 milhões. Como resultado, os papéis do GPA recuaram 21% no dia.
A retirada de Tanure, que vinha sendo vista como um catalisador para possíveis mudanças na companhia, jogou um balde de água fria nas expectativas do mercado quanto à renovação da estratégia do grupo varejista. A possibilidade de que o investidor esteja “jogando a toalha” levanta dúvidas sobre os próximos passos da empresa.