O TC (TRAD3), empresa de educação financeira e cursos, enviou à Polícia Federal (PF) dossiê que comprovaria o envolvimento da Empiricus com um vídeo difamatório divulgado em junho de 2022 fazendo críticas à companhia. Segundo informações do Poder 360, o TC contratou quatro perícias e os laudos e atas notariais foram também entregues ao BTG Pactual, dono da Empiricus.
O vídeo com conteúdo jocoso e acusatório acerca da companhia mostrava uma mulher vestida de palhaça falando sobre a empresa. A mulher em questão teria sido identificada, constatando que ela tem relação “umbilical” com Felipe Miranda, da Empiricus, mas não é atriz e trabalha no mercado financeiro.
Pedro Albuquerque Filho, presidente do TC, acusou Miranda e Caio Mesquita, sócios da Empiricus, de terem envolvimento com a produção do vídeo, divulgando prints de conversas num aplicativo de mensagens entre os executivos da Empiricus que corroborariam as acusações. A Empiricus negou através de nota, divulgada no dia 28 de julho de 2022.
“A Empiricus vem a público esclarecer que não possui relação com quaisquer das condutas mencionadas pelo executivo do TC (TradersClub) na coletiva de imprensa realizada no final da tarde de terça-feira [27.jul.2022], e refuta veementemente as acusações formuladas pelo Sr. Pedro Albuquerque, em nome do TC, imputando aos diretores da Empiricus a autoria de um vídeo apócrifo divulgado em junho deste ano”, disse a empresa.
Em 22 de agosto, o TC ofereceu recompensa de R$ 500 mil para quem apresentasse provas cabais sobre a autoria do vídeo, que mostra uma mulher com maquiagem de palhaço pedindo explicações do TC sobre uma série de práticas ilegais.
Segundo o vídeo, a empresa teria realizado manipulação de resultados, spoofing (manipulação de preço de ativos) e front running (uso de informação interna sigilosa para obter lucros). Além disso, o vídeo também citou (sem provas) possíveis assédios e até estupro coletivo na empresa.
Na ocasião, a companhia informou que ofereceria a recompensa exclusivamente à primeira pessoa que fornecesse informações, devidamente comprovadas por elementos idôneos, que levem diretamente à identificação definitiva do(s) autor(es) intelectual(is) do vídeo, que foi divulgado em redes sociais no dia 28 de agosto.
O BP Money teve acesso com exclusividade, na época, aos autos que apontavam que o TC exigia que a Empiricus retirasse da internet, em até 48 horas, o vídeo.
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A PF, a pedido do TC, abriu um inquérito para investigar as acusações contra os sócios da Empiricus.
Ainda, para o TC, a Vitreo, gestora de recursos vinculada à Empiricus e que segue orientações de investimentos da empresa para coordenar as operações financeiras, consolidou posição milionária em descompasso com outras gestoras do meio no período de circulação do vídeo. Por isso, a PF apura se houve manipulação do mercado para potencializar ganhos financeiros.
Na outra ponta, o BTG está conduzindo uma auditoria sobre eventuais irregularidades cometidas pela Empiricus, adquirida pelo banco em 2021 por R$ 690 milhões.
TC e Empiricus têm histórico de desavenças
A empresa de Felipe Miranda ficou conhecida pelo marketing agressivo, enquanto o TC ganhou fama com uma postura afrontosa dos fundadores Rafael Ferri e Pedro Albuquerque.
Em outubro do ano passado, a Empiricus publicou um relatório em que recomendava aos clientes que realizassem uma operação de “short” nas ações do TC (uma estratégia que consiste na venda da ação que não possui em carteira e espera pela desvalorização dela para lucrar).
Desde então, o TC encara uma batalha judicial com a Empiricus, que foi comprada pelo BTG no ano passado, pois, segundo o TC, ambos são concorrentes e, por isso, a intenção da Empiricus seria obscura.
As ações do TC (TRAD3), na contramão do Ibovespa, subiam 6,28% por volta das 16h30 (de Brasília), a R$ 4,40.
