
A presença das mulheres no mercado de trabalho tem evoluído muito nas últimas décadas. Segundo um relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da OIT (Organização Internacional do Trabalho), divulgado em 2024, a maior taxa de empregabilidade feminina ocorreu após a pandemia de Covid-19, especialmente por conta da tecnologia.
O documento foi divulgado durante a plenária ministerial sobre Emprego, que abordou o tema da Igualdade de Gênero e Promoção da Diversidade no Mundo do Trabalho.
Nesse sentido, o leque de oportunidades para elevar a presença feminina no mercado pode ser ampliado. Segundo a especialista em Open Banking, CEO e cofundadora da PilotIn, Ingrid Barth, “a tecnologia pode ajudar muito nesse sentido, despertando o interesse das mulheres, de uma maneira geral, em utilizar essas ferramentas”.
“Eu estou trabalhando com tecnologia há muitos anos porque o ambiente de tecnologia precisa de todos os tipos de expertise”, afirmou Barth, que também foi a primeira mulher presidente da Abstartups (Associação Brasileira de Startups).
O estigma de que, para trabalhar com tecnologia, é preciso ‘codar’
Como exemplo, Barth comentou sobre o “estigma de que tem que ‘codar’ [programar] para trabalhar com tecnolia” — termo se refere ao processo de criação de um conjunto de instruções (códigos) que dizem ao computador ou software como realizar uma tarefa.
Segundo ela, essa ideia afasta mais do que inclui mulheres no mercado de trabalho. A especialista aponta que o ingresso de mulheres nesses ambientes tem melhorado muito. Barth é Chair de startups, pequenas e médias empresas do G20. Em um dos encontros do grupo, ocorrido na Índia, os países tiveram de realizar um “pitch” do ecossistema local de startups. Segundo ela, um dos indicadores do “pitch” era o número de startups fundadas por mulheres, e o Brasil tinha pelo menos 20% de startups fundadas por mulheres.
Embora o número pareça pequeno, ainda de acordo com Barth, outros países têm percentuais em torno de 7%, 9% ou até mesmo 1%.
O Global Startup Ecosystem Report 2024, relatório criado pela organização norte-americana Startup Genome, pontuou que o Brasil ocupa a 1ª posição no ranking de países que lideram o ecossistema de startups na América Latina. No ranking global, o Brasil está em 26º lugar, com o estado de São Paulo figurando entre os 30 maiores ecossistemas de inovação do mundo.
Ranking de Ecossistemas de Startups na América Latina
Rank | Ecossistema | País |
---|---|---|
1 | São Paulo | Brasil |
2 | Cidade do México | México |
3 | Bogotá | Colômbia |
4 | Santiago-Valparaíso | Chile |
5 | Buenos Aires | Argentina |
6 | Rio de Janeiro | Brasil |
7 | Curitiba | Brasil |
8 | Monterrey | México |
9 | Belo Horizonte | Brasil |
10 | Montevidéu | Uruguai |
11 | Guadalajara | México |
12 | Lima | Peru |
13 | Porto Alegre | Brasil |
14 | Córdoba | Argentina |
15 | Medellín | Colômbia |
16 | Quito | Equador |
Fonte: Global Startup Ecosystem Report 2024
Open Finance e IA são aliados do crescimento de mulheres no mercado
As IAs (inteligências artificiais) já assumem um papel central na inovação e dão suporte — muitas vezes sendo a base — para o avanço das empresas em geral. Além disso, outro ponto que a especialista acredita que vale a pena acompanhar de perto é o Open Finance.
“O Open Finance traz os dados, e a inteligência que você cria com esses dados é que, de fato, vai fazer ‘a coisa acontecer’”, disse Barth. “A inteligência artificial é esse grande aliado que possibilita a tradução desses dados em coisas práticas”, acrescentou.
O Open Finance — Sistema Financeiro Aberto — é uma iniciativa do BC (Banco Central do Brasil) que possibilita o compartilhamento de dados entre instituições financeiras. O foco é a melhoria da oferta de produtos e serviços financeiros, bem como a promoção da inovação.
Nesse sentido, a especialista destaca que a inclusão financeira de fato ocorre quando a pessoa, além de ter uma conta bancária, tem acesso a produtos de crédito. “Essas ferramentas [Open Finance e IA] vão conseguir consolidar essa informação, pois a instituição terá uma visão ‘360’ de tudo o que a pessoa tem, e o próprio usuário consegue fazer uma curadoria desses produtos e serviços financeiros”, explicou Barth, acrescentando que “o Open Finance traz muito disso em relação a empreendimentos de fintechs”.