Parece que a Tesla está deixando a China o mais rápido possível. A companhia recorreu a Moçambique para a produção de um componente importante de suas baterias de carros elétricos.
Os analistas acham que esse pode ser um acordo inédito concebido para reduzir a sua dependência da China para o grafite.
Em dezembro de 2021, a empresa de Elon Musk assinou um acordo com a australiana Syrah Resources, que comanda uma das maiores minas de grafite do mundo no país do sul da África. A relação de parceria é vista como única entre um fabricante de veículos elétricos e um produtor do mineral essencial para as baterias de íon-lítio. O valor do negócio ainda não foi anunciado.
A Tesla vai comprar o material da planta de processamento da empresa em Vidalia, Louisiana, que obtém grafite de sua mina em Balama, Moçambique. A montadora elétrica com sede em Austin, no Texas, pretende adquirir 80% do que a planta produz – 8 mil toneladas de grafite por ano – a partir de 2025, segundo com o entendimento. A Syrah deve provar que o material atende aos padrões da Tesla.
O acordo é mais um degrau do plano da Tesla para aumentar sua capacidade de fabricar suas próprias baterias para reduzir sua dependência da China, que domina os mercados globais de grafite, disse Simon Moores, do provedor de dados e inteligência de materiais de baterias do Reino Unido, Benchmark Mineral Intelligence. .
“Começa no topo com a geopolítica”, disse Moores. “Os EUA querem construir capacidade doméstica suficiente para poder construir (baterias de íons de lítio) dentro dos EUA. E este acordo permitirá que a Tesla obtenha grafite independente da China”, argumentou.
Moores ressaltou que produzir as baterias nos EUA vai reduzir algumas das questões que a Tesla enfrenta sobre seus laços com a China, onde existem preocupações ambientais em algumas minas. A montadora também montou um showroom na região de Xinjiang, lá as autoridades chinesas são acusadas de trabalho forçado e outros abusos de direitos humanos contra minorias étnicas majoritariamente muçulmanas.