A Tesla (TSLA34) está prestes a fechar, nesta sexta-feira (30), o pior ano para as suas ações na história, perdendo mais de US$ 700 bilhões em valor de mercado, segundo a agência Dow Jones Newswires. Desde o início do ano até a última quinta (29), os papéis da montadora do bilionário Elon Musk caíram cerca de 65%.
Segundo a Dow Jones, uma nova onda de vendas de ações se desenrolou nas últimas semanas depois que os descontos oferecidos pela Tesla para as pessoas receberem entregas de veículos antes do final do ano geraram temores sobre a demanda.
O cenário negativo acontece em meio a temores dos investidores sobre interrupções na produção, preocupações com a demanda e o foco de Musk no Twitter (TWTR34).
Com isso, as ações da Tesla estão a caminho de seu pior mês já registrado.
“Existe a preocupação de que a demanda caia no momento em que a Tesla está aumentando suas fábricas, e eles não verão o crescimento de volume que o mercado esperava anteriormente”, disse Seth Goldstein, estrategista de ações da Morningstar Research Services, à agência Dow Jones.
Há pouco mais de um ano, no entanto, as ações da fabricante de carros elétricos atingiram um recorde histórico, quando a empresa produziu lucro, aumentou a produção e se beneficiou dos veículos elétricos ganhando força de forma mais ampla. Desde que atingiram esse pico, em novembro de 2021, as ações caíram mais de 70%.
Tesla deve (continuar a) desacelerar em 2023
O setor de tecnologia tem demonstrado falta de resiliência em momentos difíceis da economia global. Não à toa, grandes empresas estão realizando demissões em massa. Nos últimos meses, Meta, Twitter e Amazon foram algumas das gigantes do setor que realizaram corte de pessoal.
Segundo a “Reuters”, a Tesla será a próxima da fila. Para especialistas ouvidos pelo BP Money, a companhia, apesar de ser uma empresa robusta, deve pisar no freio em 2023, com um cenário que pode ser ainda mais desafiador para a companhia, que se encaixa no setor de tecnologia e automóveis (duas frentes que têm sofrido com a crise global).
Segundo João Piccione, analista da Empiricus, com o acúmulo de veículos em estoque pela Tesla e a queda na demanda, a companhia deve desacelerar em 2023.
“Nos últimos trimestres, a Tesla formou um estoque. Produziu mais do que entrou. Além disso, a empresa também teve problemas na fábrica de Xangai, da China, por conta do lockdown, e essa fábrica é importante porque distribui veículos para outros países. Nesses últimos meses, tiveram vários recalls de veículos da empresa, sinalizando que o processo fabril tem um pouco de dificuldade para entregar todos os veículos que pretendiam”, disse Piccione.