A Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados anunciou que 100% dos Correios serão vendidos, e com isso grandes empresas do setor de logística e varejo já sinalizaram o interesse na estatal. A partir daí, o “timing da privatização” é pensado, como disse Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que também é responsável pela desestatização da companhia.
“A partir do momento em que as empresas concorrentes da estatal em entregas de encomendas vão se tornando gigantes e os Correios vêm se diminuindo, poderia não haver interesse em comprar os Correios”, afirmou Seillier em entrevista à Exame.
Para a secretária, a estatal está se tornando obsoleta, tendo em vista que os consumidores têm mudado a forma de se corresponder, e as “cartas” já não têm tanto espaço em uma sociedade em que grande parte dos trâmites burocráticos podem ser resolvidos de forma remota.
“À medida que os Correios perdem uma renda relevante com cartas, cuja demanda está caindo, e os concorrentes estão crescendo e investindo na entrega de encomendas, a estatal vê seu market share se reduzir na fatia lucrativa do serviço”, declarou Seillier. Em outras palavras, a empresa precisa atender essa nova demanda que era grande, e se tornou ainda maior com as medidas de isolamento social que foram impostas para conter a propagação de infecções por Covid-19.
De fato, a entrega de encomendas tem sido mais requisitada no mercado, devido a mudança de comportamento dos consumidores, mas a privatização dos Correios também põe outra questão em cheque, a “geografia”.
Em alguns locais, como áreas rurais ou de difícil acesso, é comum que a empresa não entregue as correspondências, mas como as companhias privadas trabalham sob demanda esse número pode ser ainda mais reduzido.
É muito comum que em municípios mais carentes não tenha agência dos Correios, por conta disso, moradores desses lugares vão até a capital do estado para recolher suas correspondências. Após a privatização, o controlador ou controladores dessas agências passaram a pensar de forma mais extensa em seus custos operacionais e se o retorno financeiro é equivalente às despesas.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ou Correios como é comumente conhecida, até o momento é uma companhia federal responsável pela execução do sistema de entrega e envio de correspondências no Brasil, com mais de 356 anos de existência.