A Unigel está adiando um de seus principais projetos de crescimento e renegociando prazos de pagamento a esses fornecedores, numa tentativa de conter a crise desencadeada pela forte compressão das margens nos negócios agro e de químicos desde o segundo semestre de 2022, segundo fontes ouvidas pelo jornal “Valor Econômico”.
Conforme a publicação, a companhia teria atrasado em 60 dias o pagamento a pequenos fornecedores. Outra fonte, próxima ao grupo, afirmou que a Unigel está buscando alongar os prazos de pagamento, mas somente junto aos fornecedores do projeto de produção de ácido sulfúrico na Bahia, que foi postergado por causa do momento financeiro delicado. “É pontual”, afirmou.
Com 80% das obras já encaminhadas, a fábrica com capacidade de produção de 450 mil toneladas por ano de ácido sulfúrico entraria em operação no fim deste semestre. Agora, a partida está estimada para o começo de 2024. O grupo emitiu R$ 500 milhões em debêntures de cinco anos, em 2022, com vistas a financiar o projeto.
Unigel fará investimento bilionário em hidrogênio verde na Bahia
Em janeiro, a Unigel anunciou que irá investir até US$ 1,5 bilhão (R$ 7,75 bilhões na cotação atual) em seu complexo na Bahia para produzir o chamado “hidrogênio verde”.
Localizada em Camaçari, a fábrica deve ter a primeira de três fases inaugurada até o fim deste ano, ampliando a capacidade até chegar a 2027 produzindo 100 mil toneladas de hidrogênio, ou 600 mil de um de seus derivados, a amônia.
A primeira fase do projeto foi anunciada em meados do ano passado, com investimento de US$ 120 milhões e capacidade de produção de 10 mil toneladas por ano de hidrogênio verde e de 60 mil toneladas por ano de amônia verde.
O hidrogênio é usado como combustível para veículos e insumo em indústrias como siderurgia e refino de petróleo. A amônia também pode ser empregada como combustível de navios graneleiros e na fabricação de fertilizantes e acrílicos.
Mas diferente da produção tradicional, na qual o insumo é o vapor do gás natural, o hidrogênio verde é obtido a partir da conversão de energia de origem eólica ou solar, com uso de eletrolisadores que serão fornecidos pela europeia Thyssenkrupp Nucera.
Parte da energia a ser empregada na produção virá de energia eólica da Casa dos Ventos, com quem a Unigel firmou um contrato bilionário em setembro de 2021.