Afirma presidente

‘Unigel é a única prejudicada’ com irregularidades com Petrobras

Em relatório , o TCU destacou falhas, incluindo problemas na governança da estatal.

Foto: Patrick Abreu/Reprodução
Foto: Patrick Abreu/Reprodução

A Unigel, atualmente em uma severa crise financeira, alega ter sido a maior prejudicada pelas irregularidades apontadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no contrato de “tolling” de fertilizantes com a Petrobras (PETR4)

Em um relatório divulgado na última quarta-feira (31), o TCU destacou falhas, incluindo problemas na governança da estatal. O acordo, firmado em dezembro, nunca chegou a ser implementado.

“A Unigel é a única prejudicada em toda essa história”, disse ao Valor o presidente da petroquímica, Roberto Noronha Santos. “Não existe qualquer tipo de irregularidade envolvendo a Unigel, e não há menção a isso no relatório”.

Segundo o executivo, que liderou as negociações com a Petrobras, a proposta para o contrato de “tolling” foi apresentada pela estatal em 22 de junho do ano passado. O intuito era viabilizar a retomada da produção de fertilizantes nitrogenados em duas fábricas da estatal, arrendadas pela Unigel por até 20 anos. 

As operações nessas fábricas, conhecidas como “fafens,” haviam sido suspensas no primeiro semestre do mesmo ano devido aos altos preços do gás natural, utilizado como matéria-prima, que tornaram o negócio financeiramente inviável após a significativa queda nos preços da ureia no mercado internacional.

Após a formalização do contrato, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou possíveis irregularidades, resultando na continuidade da paralisação das fábricas. 

Um ano depois, em junho, a Petrobras decidiu encerrar o contrato, alegando que determinadas condições estipuladas não haviam sido cumpridas.

“Foi uma negociação duríssima”, afirmou Noronha, referindo-se à queda de braço entre Unigel e Petrobras em torno do valor do contrato, que acabou assinado seis meses depois. Durante a maior parte desse período, as duas fábricas permaneceram paralisadas, com custo mensal de R$ 32 milhões à Unigel, diante da expectativa de retomada das operações a qualquer momento, disse.

Petrobras (PETR3): Unigel pede ressarcimento

A empresa química Unigel está reivindicando ressarcimento da Petrobras (PETR3; PETR4) por prejuízos decorrentes das duas fábricas de fertilizantes arrendadas da estatal, conforme revelado em uma carta obtida pela Reuters, representando mais um obstáculo nas negociações para reativação das unidades.

Essas duas fábricas, essenciais para o plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes importados, estão com as operações suspensas desde o segundo semestre do ano passado.

Em dezembro, as duas empresas firmaram um “Contrato de Tolling” no qual a Petrobras forneceria gás natural em troca de fertilizantes, permitindo à Unigel retomar a produção sem se preocupar com o custo do gás.