Alta dos preços internacionais, crescimento acelerado da construção civil, receitas tributárias não recorrentes e expansão da produção, aproveitando fatias do mercado antes ocupadas pela concorrência.
A soma desses fatores resultou em um forte crescimento do lucro líquido da indústria química Unipar, fabricante de soda cáustica, cloro e PVC, cujo lucro líquido consolidado em 2021 foi de R$ 2 bilhões -mais de cinco vezes o apurado em 2020, quando a empresa lucrou R$ 370 milhões.
“Em 2021, as fábricas estavam indo bem, teve aumento de consumo e por fim os preços dos nossos principais produtos, a soda cáustica e o PVC, aumentaram no mercado internacional devido a restrições no mundo inteiro do produto”, afirma Maurício Russomano, presidente da Unipar. “Nossa fábrica de Cubatão, por exemplo, teve o melhor desempenho em dez anos, em utilização da capacidade e produção”, comenta.
Produzidos durante o mesmo processo químico, a soda e o cloro são usados como matéria-prima de vários segmentos industriais.
No caso do cloro, são dois os usos possíveis. Primeiramente no tratamento de água para consumo humano, mas também no tratamento de efluentes e como base para a água sanitária usada na limpeza.
O cloro também usado para a fabricação do PVC, o qual por sua vez entra na fabricação de canos, conexões, janelas, pisos, com a construção civil representando cerca de 60% a 70% da demanda.
Já a soda cáustica é usada no processamento do minério de ferro, na limpeza dos reatores de usinas de açúcar e etanol, pela indústria de sabão, entre outros usos.
Na avaliação de Russomano, nos últimos quatro anos, desde 2018, a Unipar se concentrou na integração da Solvay Indupa, cuja compra havia sido concluída em 2016, e modernização das suas linhas de produção, em especial as de PVC.
Na avaliação do executivo, a guerra Rússia e Ucrânia, não deverá ter forte impacto no setor. “A crise não muda muita coisa. O preço do [petróleo] Brent aumenta, mas aumenta para todo mundo. Em termos relativos, a situação continua igual, mas o problema é que não somos competitivos em matéria de insumos, comparativamente aos EUA, que não nossos maiores competidores com a China”, diz Russomano.
“Precisamos ver o que acontecerá com a disponibilidade de produtos e com a demanda. Por ora fica difícil prever o que vai acontecer com guerra, eleições, e todos os temas macroeconômicos. Depende da construção civil continuar indo bem, do saneamento estar avançando e da área de saúde”, avalia o executivo.
De acordo com analistas, a empresa também se beneficiou da saída do mercado da planta de cloro-soda da Braskem em Alagoas, que ficou fora de operação entre maior de 2019 e fevereiro de 2021, quando retomou as operações, porém em ritmo lento.