A segunda maior produtora global de minério de ferro, Vale (VALE3), avalia adquirir uma fatia no sistema Minas-Rio, que é o principal projeto da Anglo American no Brasil, segundo fontes.
As conversas entre as duas empresas tiveram início em 2020 e até atual momento não avançaram a ponto de serem levadas aos conselhos de administração das companhias, segundo as pessoas, que pediram anonimato.
As discussões ainda estão em estágio preliminar e sem qualquer garantia de que o negócio vá se concretizar. A Vale estuda a compra de uma participação de 30% a 40% no projeto, ou até mesmo seu controle, disse uma das fontes. A Anglo American não está vendendo ativamente o sistema, contou outra fonte.
Até agora a Anglo American e a Vale não comentaram.
A aquisição poderia marcar mais um passo para a Vale atingir a meta de elevar a capacidade de produção anual de seu principal produto a 400 milhões de toneladas. Isso seria de grande ajuda, já que a mineradora precisa diluir custos e recuperar o título de maior produtora mundial de minério de ferro perdido para a Rio Tinto na esteira do desastre com a barragem em Brumadinho, em janeiro de 2019.
A Vale vem buscando se estabelecer como uma das principais fornecedoras de minério de ferro premium, um ingrediente fundamental na corrida das siderúrgicas, suas principais clientes, para reduzir a pegada de carbono. O Minas-Rio possui um minério de qualidade, sendo cerca de 67% de teor de ferro, acima do teor médio obtido nas operações da Vale.
A Anglo deseja alcançar a capacidade plena de produção de 26,5 milhões de toneladas anuais de minério de ferro no projeto. O Minas-Rio custou US$ 14 bilhões à Anglo American, que o comprou em 2008. Essa quantia é equivalente ao maior investimento da história da Vale, o S11D -, entre o total pago ao ex-controlador Eike Batista e a implantação.
Apesar dos preços do minério de ferro em queda frente aos recordes obtidos recentemente, a Vale segue gerando bastante caixa.
Com o foco na disciplina de capital e remunerar seus acionistas, a mineradora baseada no Rio de Janeiro tem vendido ativos não estratégicos para concentrar esforços em minério de ferro e metais básicos.