Vale do Tijuco emite CRA com volume de R$ 500 mi

O S&P elevou o rating da Vale do Tijuco S.A de brAA- para brAA.

A Vale do Tijuco emitiu o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) Vale do Tijuco, através da Eco Securitizadora, com vencimento em 10 de outubro deste ano. O volume da oferta será de R$ 500 milhões, e tem prazo máximo para iniciar suas negociações na B3 até o dia 17 de agosto. A coordenação é liderada pela XP Investimentos e possui público-alvo para investidores qualificados.

Os pedidos de reserva para o CRA começaram no dia 3 de janeiro deste ano e vão até  quinta-feira da semana que vem (27).

Os pagamentos das remunerações será feito de forma trimestral, sem período de carência, ao longo do prazo de 7 anos. A retribuição teto aos acionistas será de NTN-B 2028 + 1,35% a.a. ou IPCA + 5,60% a.a., dos dois o maior. A amortização tem previsão de ocorrer ao final do 6º e do 7º anos. 

Em novembro do ano passado, o S&P Global Ratings havia elevado o rating da Vale do Tijuco S.A, indo de brAA- para brAA, além disso, a instituição alterou a perspectiva de rating de estável para positiva. A mudança foi resultado da análise da holding CMAA.

O S&P acredita que o risco da Vale é o mesmo que o de sua controladora, que deve fornecer suporte quando necessário.

Pontos fortes
Na análise da XP, a CMAA detém bons acionistas, que realizam aportes em momentos de necessidades, um fácil acesso à malha ferroviária por meio de terminais VLI, que atuam como integradores de carga no transbordo de grãos, produtos siderúrgicos e açúcar. Além disso, a sua flexibilidade de produção (açúcar/etanol) também foi destacada.

A holding de investimentos Indoagri/Grupo Salim é um dos acionistas da CMAA, com 50% de participação. Já o conglomerado produtor de citrus de cana-de-açúcar Grupo JF Citrus detém os outros 50%.
 
Pontos de atenção
Ainda de acordo com análise da XP, a companhia detém uma concentração geográfica que é seguida de uma pequena escala do grupo, além de uma região suscetível a quebras de safra.

Sobre a controladora
A CMAA é um grupo sucroalcooleiro com foco em cultivo de cana-de-açúcar e produção de açúcar VHP, etanol anidro e hidratado, e energia elétrica, com capacidade de moagem anual total de 7,5 milhões de toneladas. A organização é uma das maiores do segmento em Minas Gerais, com três usinas operacionais situadas no Triângulo Mineiro, com a Usina Cabrera Energética, Usina Triálcool e o Vale do Tijuco.

Mesmo com o avanço da pandemia da Covid-19, no primeiro trimestre da safra em 2020/2021 a CMAA registrou uma elevação de 13,4% na comparação anual. Além disso, nos primeiro três meses de 2021, a produção de açúcar teve alta de 73,1% em relação ao mesmo período em 2020.

No segundo trimestre da safra 2021/2022, a receita líquida da CMAA somou R$ 562,9 milhões, correspondendo a um avanço de 62,5% na comparação anual. Já o seu lucro avançou 83%, seguindo a mesma base comparativa, a R$ 234,5 milhões.

A corretora acredita que seus investimentos ainda não estão maturados, o que pode exigir maior aporte.

A concentração das usinas da CMAA no Triângulo Mineiro, bem com a pequena escala, torna a companhia mais exposta a riscos climáticos e de preços, afetando o seu perfil de risco financeiro. O fator ainda pode levar a volatilidade do fluxo de caixa
 
Destaques financeiros
No primeiro trimestre de 2020/21, que responde ao período de abril e junho de 2020, a receita líquida da organização somou R$ 270,3 milhões, alta de 2,9% no mesmo trimestre da safra anterior. O dado foi impulsionado pelo avanço de 115,1% nas vendas de açúcar no intervalo.

Como reflexo da expansão da receita, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) avançou 13,3% nos três meses seguintes, seguindo a mesma base comparativa, a R$ 137,3 milhões com margem de 57,5%.
 
Projeções
A produção de etanol e açúcar da CMAA podem atingir, respectivamente, até 2,7 mil m³ e 4 mil toneladas por dia. A estimativa é justificada pela sua capacidade instalada para produção de energia – a partir de biomassa, ou seja, queima do bagaço da cana – é de aproximadamente 123 MW. Já a capacidade de armazenagem e etanol totaliza 200 mil m³.

Cerca de 45% da cana utilizada no Vale do Tijuco são oriundas de lavouras próprias. A terras arrendadas para produção de cana própria detém contratos com duração de um ciclo de cana completo, o que corresponde a 5 anos.

Última safra no Centro-Sul
A última safra na região Centro-Sul, que concentra aproximadamente 92% do volume de cana processada no Brasil, foi uma das maiores computadas nos últimos anos segundo análise com dados de 2020-21 (abril e março). O açúcar total recuperável (ATR), que mede qualidade da matéria prima, teve um aumento de 4,4%.

Foi visto um mix de produção açucareira muito forte, impulsionado o preço da commodity no mercado internacional e a desvalorização do real frente ao dólar no período. A pressão no mercado de açúcar no início da pandemia foi dissipada pela perspectiva de um possível déficit no mercado internacional.

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