Resultados do terceiro trimestre

Varejo: Renner deve apresentar resultados satisfatórios

A Magazine Luiza também divulga resultados nesta quinta-feira e deve ter crescimento nas lojas físicas

Renner
Foto: Divulgação

A Renner (LREN3) deve apresentar resultados alinhados com as expectativas do mercado, o que já é visto com bons olhos, uma vez que o cenário doméstico não tem sido favorável para ao varejo, avalia o assessor de investimentos Idean Alves.

A companhia vai divulgar seus resultados do terceiro trimestre nesta quinta-feira, após o fechamento do mercado.

“Ela é um dos principais players do setor, boa gestão, casa arrumada, estratégia azeitada, é uma das queridinhas dos gestores dos recursos”, comentou Alves.

No segundo trimestre, a Renner teve um lucro líquido de R$ 315 milhões, crescimento de 37% sobre o ano anterior e Ebitda ajustado de R$ 670,5 milhões, o que representa um avanço de 39,2%. O faturamento líquido da empresa foi de R$ 3 bilhões no segundo trimestre, aumento de 3,2%.

Magazine Luiza vem sofrendo com competição

Para a Magazine Luiza (MGLU3), a expectativa do Safra é de R$ 8,8 bilhões em vendas no terceiro trimestre, aumento de 8% ano a ano. Além disso, é esperada uma expansão de 7% nas lojas físicas e Ebitda de R$ 705 milhões, alta de 45% na base anual e lucro líquido esperado de R$ 38 milhões, recuperando-se do prejuízo anterior.

Os resultados da companhia vão ser divulgados nesta quinta-feira (7) depois do fechamento do mercado.

A empresa deve aproveitar o ciclo positivo de um eventual pacote de corte de gastos do governo, pontua Alves. Porém, a Magazine Luiza está passando por uma competição difícil com grandes players como Amazon, MercadoLivre, além das lojas chinesas de compras on-line.

Respostas do varejo aos anúncios de cortes de gastos

A reação positiva do mercado ao anúncio de corte de gastos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode ajudar o varejo, pontua Jenni Almeida, CEO da franquia de consultoria financeira Invest4U. As ações do setor tiveram altas expressivas após o anúncio, o dólar caiu 1,67% e o Ibovespa teve valorização de 1,59%.

“Os juros futuros apresentaram queda, o que é positivo para o setor”, disse a analista

Porém, mesmo com reações positivas ao anúncio de cortes, o mercado parece ainda reticente e aguardando uma clareza com os compromissos com a responsabilidade fiscal, pontua André Vasconcellos, vice-presidente do Conselho de Administração do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores).

“A ausência de responsabilidade fiscal pode gerar um ambiente de incerteza econômica, o que afasta investimentos estrangeiros e dificulta o crescimento do país”, destacou.

Alves pontua que um corte de gastos ajudaria o varejo a se recuperar. “Seria muito bem-vindo para o varejo respirar e arrumar a casa, tendo margem operacional para focar nos projetos de longo prazo e sair da luta pela sobrevivência do mercado atual, que tem penalizado muito as empresas nos últimos anos”, comentou o assessor.

Dificuldades no setor do varejo

O setor do varejo vive um momento de dualidade, Alves. Por um lado, há expectativas de crescimento de mais de 3% no PIB em 2024 e inflação não tão distante da meta. Por outro, o dólar está caminhando para os R$ 6,00 e a Selic está voltando ao subir.

“Então você consegue vender mais, só que com uma margem menor e um custo de capital maior, o que pressiona as empresas em uma ambiente de competição cada vez mais acirrado”, afirmou o assessor.

O crédito tem sido mais caro e menos acessível para os brasileiros, o que reduz o consumo no geral, aponta Vasconcellos. Esses fatores estão levando os consumidores a priorizarem itens essenciais, como alimentos, em detrimento de produtos de maior valor agregado, como eletrônicos, móveis e eletrodomésticos.

O setor do varejo sente os impactos desse movimento, além de ter que se adaptar à crescente concorrência com as vendas online. Algumas grandes redes estão tentando otimizar custos e melhorar a eficiência operacional para se manterem competitivas.

Outras estão investindo em tecnologias de omnichannel, que integram as operações online e offline, visando atrair e fidelizar clientes, destaca Vasconcellos.

“Ao mesmo tempo, o varejo de produtos de alto valor agregado tem sido prejudicado pela valorização do dólar, que aumenta os custos de importação e pressiona os preços. Em contrapartida, setores de consumo essencial, como supermercados, mantêm alguma resiliência, mesmo com margens pressionadas”, pondera o vice-presidente do IBRI.

Setor deve ter recuperação gradual

Para analistas, o setor deve se recuperar de forma gradual, com uma perspectiva de crescimento mais robusto a partir do segundo semestre de 2025, desde que as condições internas e externas permaneçam favoráveis, avalia Vasconcellos.

No médio prazo, a expectativa é de melhora de cenário para o varejo, caso a inflação e as taxas de juros recuem, o que pode estimular o consumo e facilitar o crédito, dando fôlego ao setor varejista.

Além disso, as festividades de fim de ano, datas comerciais e a Black Friday devem proporcionar um aumento temporário nas vendas. Segundo pesquisa da ABComm, a expectativa de vendas em e-commerce ara a Black Friday 2024 é de R$ 7,9 bilhões, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.

Outro fator relevante é a consolidação e redução de custos operacionais. Muitos varejistas estão cortando custos e fechando lojas não rentáveis, o que melhora a rentabilidade e fortalece as operações.

Mas Alves destaca que os próximos meses devem ser desafiadores para o setor, com alta da Selic e o dólar pressionando a inflação, o que deve refletir em algum momento na demanda e no bolso do consumidor.

“A massa salarial aumentou, mas o custo de vida também, habitação, alimentação e necessidades básicas acabam sendo prioridades em detrimento de um varejo cada vez mais digital, mas com uma população com um poder de compra achatado”, disse o assessor.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile