Venvanse volta às farmácias? Estoque ainda é irregular

Com a "moda" do uso do medicamento para performance no trabalho, alta demanda provoca falta do produto

O estoque do Venvanse está sendo gradualmente retomado nas farmácias. O medicamento, liberado no tratamento de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e do transtorno de compulsão alimentar, estava em falta em diversas regiões do País há pelo menos um mês, como o BP Money reportou no início de maio.

Febre entre profissionais de setores conhecidos pelas elevadas cargas de trabalho, com o mercado financeiro, o remédio é comumente usado para um “boost” na performance. Com a fama do Venvanse na Faria Lima, centro corporativo da capital paulista, seu uso como “estimulante” é feito muitas vezes sem acompanhamento médico.

Segundo o psiquiatra Mario Rodrigues Louzã Neto, no entanto, a droga simplesmente não tem efeito no sistema nervoso central de indivíduos sem TDAH. Coordenador do programa de déficit de atenção e hiperatividade no adulto (Prodath) do IPq (Instituto de Psiquiatria) no Hospital das Clínicas de São Paulo, Louzã Neto cogita um efeito placebo nos casos de uso sem indicação. 

“O uso por quem não precisa é uma inutilidade. Na verdade, essas pessoas estão prejudicando seu desempenho porque esse rendimento tende a cair”, disse o especialista. Ele explica que o exagero na rotina de estudos e trabalho leva ao desgaste da capacidade de concentração e de memória, pelas quais o sistema nervoso central é responsável. 

Só que a imagem do remédio já precede os argumentos técnicos hoje, por isso os relatos de uso do Venvanse para alavancar a performance ainda inundam as redes sociais. 

As redes Droga Raia e Drogasil confirmaram a volta dos remédios ao estoque na maioria das lojas em São Paulo, embora a versão de 70 mg seja escassa em alguns endereços.

Mas as reclamações sobre a falta do produto em Brasília e em Cuiabá (MT) ainda se multiplicam nos canais da fabricante do medicamento, a farmacêutica Takeda (TAKP34). Pacientes e familiares relatam que a dificuldade para encontrar o Venvanse é algo comum, e que fica pior de tempos em tempos.

A Takeda afirma que tanto o Venvanse quanto seu similar, o Juvene, estão “disponíveis no mercado em todas as suas apresentações não havendo problemas na comercialização e/ou processo logístico de distribuição”, disse por meio de posicionamento. Mas a empresa reconhece que eventuais variações da demanda poderiam provocar a falta do produto em alguns pontos de venda. 

A informação no canal de serviço de atendimento ao consumidor da farmacêutica no início de maio era que um pico de demanda teria provocado esse desfalque nas prateleiras. 

Anvisa confirma que produção do remédio no Brasil deve seguir normalmente

Ao BP Money, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que monitora esse mercado, confirmou por meio de nota não haver relatos da Takeda sobre interrupção do Venvanse no País. Por norma, as fabricantes são obrigadas a comunicar a descontinuação definitiva ou temporária de medicamentos com pelo menos 180 dias de antecedência.

De acordo com o argumento da farmacêutica, portanto, o desaparecimento do produto estaria ligado aos picos de demanda não previstos – o que reforça a ideia do aumento do uso indevido e não acompanhado da droga no mercado. Uma caixa com 28 cápsulas do Venvanse pode sair entre R$ 400 e R$ 500 atualmente. 

Para os pacientes que têm indicação de uso e seguem com dificuldade de encontrar os medicamentos Juvene e Venvanse nas farmácias, a Takeda orienta que “entrem em contato por meio dos canais oficiais do SAC: 0800 771 0345, e-mail sac@takeda.com ou chat disponível na página www.takeda.com/pt-br.”

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