Aprovada em assembleia geral com os acionistas, a mudança de nome – e ticker – da Via (VIIA3) para Grupo Casas Bahia (BHIA3) levantou discussões no mercado sobre a motivação e quais são os possíveis impactos previstos para a companhia que passa por uma dura crise.
Em comunicado feito nesta terça-feira (12), a empresa declarou que o novo posicionamento da marca institucional reforça a estratégia de “focar no DNA da sua principal bandeira, resgatando o histórico de bons resultados das categorias core, nas quais somos especialistas e reconhecidos como destino de compras.”
O economista e professor de MBAs da FGV Roberto Kanter explica como esta decisão faz parte de uma estratégia de marketing para fortalecimento da marca.
“O ‘case’ das Casas Bahia é estudado no mundo todo. Da década de 1980 até meados dos anos 2000 a empresa foi o maior nome do varejo de eletrodomésticos no Brasil. À época, sua política de carnês proporcionou a uma grande parcela das classes C, D e E, historicamente ‘desbancarizadas’, o acesso a produtos novos. Então, este movimento de voltar para a alcunha Casas Bahia busca resgatar o apelo popular construído junto à sociedade”, em entrevista ao BP Money.
A ideia de resgatar a popularidade histórica é reforçada pelo próprio anuncio da companhia que, assim como resolveu retomar o nome, decidiu trazer de volta o slogan da Casas Bahia, identificado por décadas pelas famílias brasileiras: “dedicação total a você”.
Além das Casas Bahia, o grupo também é dono da varejista Ponto, antiga Ponto Frio.
Novo ticker e follow-on
Em razão da alteração da denominação social, a partir do pregão do dia 20 de setembro de 2023, as ações de emissão da Companhia passarão a ser negociadas na bolsa com um novo código (ticker), BHIA3. Contudo, não é esperado que essas alterações causem qualquer impacto direto aos papéis.
Para Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, mais importante que o novo nome é o aumento do capital social de até 3 bilhões de ações ordinárias (ON).
“É um aumento de capital com uma diluição muito grande. As ações caíram muito em linha reta, quase 50%, e a empresa já está com um valor de mercado baixíssimo”, destacou.
No último dia 5 deste mês, a empresa protocolou um pedido de oferta pública primária de ações, operação conhecida como follow-on, com o objetivo de levantar cerca de R$ 981,098 milhões. Os recursos líquidos provenientes da oferta, segundo o grupo, serão utilizados para “promover a melhora da estrutura de capital da companhia”. Mas o valor em si, diz Galindo, não é algo que resolve o problema da empresa.
“Pegando como exemplo o resultado financeiro da companhia no ano, houve prejuízo de R$ 2,2 bilhões. Então, captar até R$ 1 bilhão é menos da metade disso”, declarou o analista. Ele ainda acrescenta que o follow-on é uma solução temporária e que o problema real está na estrutura de capital da companhia, no próprio operacional, que não consegue gerar resultado para pagar todas as dívidas.
Os próximos passos da Via acabam caindo no campo das incertezas, e só o tempo dirá se a estratégia de reestruturação da varejista dará certo.