Isenção cobra caro

Agronegócio: renúncia fiscal bate R$ 158 bi, afirma Haddad

Renúncia fiscal do agronegócio soma R$ 158 bi, diz Haddad. Governo propõe mudanças para corrigir distorções sem aumentar impostos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad/ Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad/ Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A renúncia fiscal do agronegócio brasileiro chegou a R$ 158 bilhões, conforme revelou o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. 

Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (11), ele destacou que esses incentivos não chegam, de fato, ao produtor rural. 

Segundo o ministro, o governo pretende corrigir distorções sem aumentar impostos.

Renúncia fiscal do agronegócio favorece intermediários

Apesar do alto valor, Haddad afirmou que os benefícios fiscais favorecem principalmente intermediários. 

“Cerca de 60% a 70% dessa renúncia fica com o sistema bancário ou com quem detém os títulos. Isso não chega ao campo”, destacou.

O ministro ainda reforçou que, embora o Estado patrocine o agronegócio com isenções, os recursos não beneficiam diretamente quem produz. 

Por esse motivo, o governo estuda mudanças que tornem o sistema tributário mais justo e funcional.

Medidas alternativas evitam aumento do IOF

Como alternativa ao aumento do IOF, o governo propôs o fim da isenção de Imposto de Renda sobre LCIs e LCAs. 

Esses títulos de investimento passarão a ser tributados com alíquota de 5%. 

A medida pode recuperar até R$ 41 bilhões, valor superior ao destinado ao seguro-desemprego.

Além disso, Haddad explicou que essa correção busca eficiência fiscal, e não um aumento da carga tributária.

“Não se trata de penalizar o cidadão, mas de tornar o sistema mais equilibrado e coerente com as necessidades do país”, pontuou.

Governo aposta em justiça fiscal e equilíbrio das contas

As mudanças integram o plano fiscal que visa alcançar superávit primário de 0,25% do PIB em 2025 e zerar o déficit em 2026. 

Além da renúncia fiscal do agronegócio, o governo pretende compensar as perdas tributárias com a taxação de casas de apostas esportivas e o fim da isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais, no caso do novo consignado.

Com isso, a equipe econômica busca reforçar a credibilidade fiscal sem sacrificar o contribuinte de baixa renda. 

A estratégia combina justiça tributária com responsabilidade orçamentária.