Ambev
Foto: Divulgação/Ambev

A Ambev (ABEV3) aprovou uma distribuição adicional de R$ 7,3 bilhões em dividendos e R$ 4,2 bilhões em juros sobre capital próprio (JCP). O pagamento se refere = ao desempenho de 2025.

Sendo assim, ele soma-se aos R$ 6 bilhões já distribuídos ao longo do ano e ao programa de recompra iniciado em outubro, que mobilizou R$ 2,5 bilhões.

Dessa forma, com esses movimentos, o retorno total ao acionista pode alcançar R$ 20 bilhões. Esse resultado é equivalente a um payout estimado de 130% do lucro líquido e um dividend yield próximo de 9%, números que, à primeira vista, reforçam a relevância da distribuição.

Contudo, mesmo com o montante expressivo, parte do mercado avaliou que o acréscimo de 5,4% na remuneração ficou abaixo do esperado.

Estratégia de capital e limitações do cenário atual

A análise de casas financeiras indica que a Ambev optou por preservar uma política de alocação de capital mais conservadora, apoiada em um caixa líquido relevante, R$ 16,9 bilhões ao fim do terceiro trimestre de 2025, e em um contexto de custo de capital elevado no Brasil.

Os principais pontos observados pelos analistas incluem:

  • a baixa eficiência de uma captação de dívida de grande escala;
  • o benefício fiscal reduzido devido ao uso de créditos tributários;
  • o impacto limitado de antecipar distribuições antes da tributação sobre dividendos;
  • a necessidade de moderação, considerando a exposição global da controladora ABI.

Sendo assim, o cenário operacional também segue desafiador, com desaceleração no setor de cerveja, pressão competitiva e custos crescentes, elementos que reforçam a decisão de não elevar a distribuição de forma estrutural.

Expectativas frustradas e projeções para novas distribuições

Grande parte da atenção do mercado estava voltada para a possibilidade de uma reestruturação mais ampla na política de remuneração, incluindo dividendos extraordinários, recompras mais agressivas ou até movimentos estratégicos em fusões e aquisições.

Pelo segundo ano consecutivo, porém, essas expectativas não se concretizaram. O anúncio atual resultou em uma distribuição anual bruta de R$ 11,4 bilhões, abaixo das projeções mais otimistas, que variavam de R$ 10 bilhões a R$ 35 bilhões, embora acima da estimativa de algumas casas internacionais, que trabalhavam com R$ 9,2 bilhões.

Mesmo assim, projeções de balanço indicam que a companhia ainda teria espaço para até R$ 31,9 bilhões em eventuais distribuições futuras, caso houvesse mudança na estratégia de capital.

Portanto, no curto prazo, a manutenção de uma política mais prudente limita a previsibilidade de novas decisões extraordinárias e mantém o mercado mais cauteloso em relação ao desempenho de ABEV3.

Perspectivas para 2026 e desafios estruturais

Analistas seguem atentos ao desempenho da companhia para 2026. Entre os pontos observados:

  • mercado de cerveja mais competido;
  • mudanças no padrão de consumo e preferência por produtos mais sofisticados;
  • aumento de novas ofertas no setor;
  • dificuldades para recuperação de marcas tradicionais;
  • ritmo de inflação de custos superior à inflação geral.

Em suma, além desses fatores, a revisão recente das regras de Juros sobre Capital Próprio e do Imposto de Renda tende a influenciar a dinâmica de pagamento aos acionistas, reduzindo a urgência da empresa em antecipar novas distribuições.