*Por Engels Rego
O déficit de mão de obra no mercado de tecnologia é um problema mundial. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Korn Ferry, é estimada uma perda de 8,5 trilhões de dólares na produção global até o ano de 2030 por falta de profissionais qualificados.
Por outro lado, esse cenário preocupante para o setor cria uma oportunidade para o Brasil, uma vez que o país tem potencial para avançar na exportação de talentos e serviços, auxiliando na mitigação desse problema. Portanto, esse déficit cria um novo espaço para o
desenvolvimento de carreiras digitais no Brasil.
Hoje, temos uma taxa de desemprego de 9,3% no país e, por outro lado, milhares de jovens
com habilidades requeridas pelo mercado, e que nem percebem o potencial que têm para
trabalhar na área de tecnologia. Há, então, uma grande oportunidade de atender a dor do
setor e conduzir esses potenciais talentos para as carreiras digitais. O Brasil pode e deve se tornar um grande exportador de talentos em TI.
Diante desse cenário, investidores e empresas de diversos mercados da Europa veem o
país não somente como uma fonte, mas também como um expoente formador de mão de obra capacitada e qualificada para o setor de tecnologia.
Nesse sentido, a necessidade de suprir a alta demanda de profissionais tem resultado em
olhares atentos e movimentações interessantes de investidores e companhias internacionais, que já têm buscado formar e recrutar profissionais brasileiros, seja para emigrar ou para trabalhar remoto para empresas de fora do Brasil.
Os últimos estudos da Brasscom revelaram que, aqui mesmo, no Brasil, até 2024, teremos 70 mil vagas em tecnologia, mas apenas 46 mil profissionais formados na área. Diante desse déficit, que só aumenta o gargalo do setor, companhias de todos os portes, de startups a grandes empresas, têm recorrido a parcerias com instituições de ensino para qualificar esses jovens antes mesmo da graduação.
Programas estratégicos de formação ganham espaço
Dentro deste contexto, a criação de programas estratégicos de formação, atração e retenção de talentos tem se transformado em uma solução para muitas das grandes empresas do segmento. Um ótimo exemplo dessa iniciativa é a proDevs, que conecta instituições públicas e privadas a jovens em formação técnica.
Recentemente, a marca fechou uma parceria com o programa AMS – inspirado no modelo de sucesso P-Tech, desenvolvido pela IBM no exterior -, fruto de sua cooperação com o Centro Paula Souza, no estado de São Paulo. O objetivo da associação é enriquecer o currículo acadêmico dos cursos técnicos ofertados nas ETECs e FATECs, com experiências profissionalizantes diferenciadas, pautadas em desafios reais e formação complementar focada nas habilidades profissionais mais demandadas atualmente pelo mercado.
Devido à conexão direta com o mercado de trabalho, esse tipo de curso profissionalizante é uma alternativa ainda mais assertiva para os jovens, já que os estudantes desenvolvem nessas formações as skills que as empresas irão exigir.
Além da formação, empresas como a proDevs realizam um trabalho mais amplo, que começa no recrutamento técnico, alocação e orientação de carreira para profissionais de tecnologia. Com isso, a grande vantagem para as empresas está justamente na descoberta e mineração desses talentos com rapidez e assertividade.
Nesse aspecto, temos no Brasil um grande potencial, que já atrai olhares de fora. É preciso ampliar esse conceito para uma escala industrial, que possa resolver o problema do déficit de mão de obra na área de tecnologia em escala nacional e internacional. O segmento tem potencial para crescer, e precisamos ser agentes transformadores do Brasil nessa jornada.
*Engels Rego é cofundador da Unyleya, uma das maiores ofertantes de pós-graduação EAD do país.