A China cumpriu com o que já era esperado pelos mercados globais e anunciou um forte pacote de estímulos na tentativa de alavancar a economia do país. Mesmo com analistas já esperando algumas medidas, a proporção do pacote impressionou, bem como o ineditismo de alguns estímulos.
“O governo chinês conseguiu entregar: i) uma ação coordenada; ii) estímulos numa magnitude maior do que a esperada; e iii) medidas de suporte ao mercado de ações, como linha de crédito subsidiada para empresas recomprarem ações”, disseram, de acordo com o “InfoMoney”, Paulo Gitz, estrategista global, e Maria Irene Jordão, analista global do Research da XP, em relatório.
Os estrategistas apontaram que, desde a pandemia, a China tem enfrentado mais dificuldades do que o resto do globo. Isso ocorre, em parte, pela proporção de lockdowns no país asiático — tanto pelas restrições mais severas quanto pelo tamanho da população.
Mesmo após a reabertura, o consumo não foi retomado nos patamares anteriores, como foi observado nos EUA, que teve um “rebote” de consumo. “Pelo fato de eles não terem tido tantos estímulos e pela severidade dos lockdowns, o consumidor por lá ficou mais retraído. E, com isso, a economia não se recuperou como o governo esperava que ela se recuperasse”, disse Gitz.
Pacote de estímulos da China: impactos vão além da Vale (VALE3)
A Vale (VALE3) tem vivido dias de glória ao longo desta semana, desde que a China anunciou um pacote de medidas para estimular a economia. A mineradora brasileira disparou na Bolsa e chegou a recuperar R$ 13 bilhões em valor de mercado.
O motivo? minério de ferro. As medidas anunciadas pelo governo chinês têm como foco, entre outras coisas, investimentos na construção civil e desenvolvimento urbano – o que significa que a demanda pela commodity vai crescer.
Não só a Vale (VALE3), mas outras mineradoras tendem a surfar na onda de exportações ao país asiático.
Especialistas consultados pelo BP Money, porém, chamaram atenção para outros setores que tendem a ganhar com o pacote de estímulos da China.
Como principal parceiro comercial do Brasil, em um cenário de alta nas importações, outras commodities, como soja e petróleo, devem passar por aumento na demanda, disse Anderson Santos, sócio da Matriz Capital.
“Uma recuperação da demanda chinesa pode impulsionar tanto as exportações quanto os preços dessas matérias-primas, resultando em um cenário mais favorável para empresas exportadoras brasileiras”, afirmou Santos.