Depois de um 2024 em que o ano fechou com uma marca positiva histórica (alta de 4,7% no acumulado de todo o ano, segundo o IBGE), o setor do comércio vem enxergando de forma cada vez mais pessimista a perspectiva para o ano de 2025.
Foi o que revelou o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), divulgado nesta quinta-feira (27) pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
O índice registrou queda de 2,6% em março na relação com o mês de fevereiro. Foi a quarta retração consecutiva no indicador da CNC.
Segundo o levantamento, o Índice de Confiança alcançou em março o total de 99,2 pontos, menor nível desde junho de 2021 (98,4 pontos).
A queda no indicador revela a velocidade com que vem se formando uma expectativa ruim para a situação da economia brasileira neste ano.
Pessimismo do comércio se acentua
Na semana passada, a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE (alta de 4,7% em 2024) apresentou o melhor desempenho do comércio em 12 anos.
O último bom desempenho do comércio varejista havia sido a marca de 8,4%, em 2012. De acordo com o estudo do IBGE, o comércio varejista como um todo se beneficiou, em 2024, de um quadro econômico favorável, com mais pessoas ocupadas e com o crédito relativamente estável.
Um outro dado apresentado pela pesquisa da CNC mostra que a expectativa dos empresários do setor para a economia brasileira também está sofrendo forte queda.
Pelo levantamento, a expectativa do setor teve queda de 5,5% em março e atingiu 109,5 pontos, nível mais baixo desde julho de 2020.
A entidade máxima que representa o comércio avalia que, apesar de os empresários ainda manterem uma visão otimista sobre as perspectivas futuras, essa confiança está em patamar cada vez menor, refletindo a incerteza que prevalece no cenário econômico atual.
Esse grau de incerteza e pessimismo também foi atestado em outra pesquisa, divulgada nesta quarta (26), com a opinião dos brasileiros sobre a economia.
A pesquisa do Instituto Futura revela que chegou a 59,1% a quantidade de brasileiros que avaliam como “ruim” ou “péssimo” o momento da economia.
A última pesquisa, em novembro de 2024, havia identificado um percentual de 52,3% de entrevistados que fizeram a pior avaliação sobre o momento econômico.
Em outro recorte, a Futura apurou que 64,7% dos entrevistados enxergam o desempenho do governo Lula como ruim ou péssimo no combate à inflação.
Essa avaliação negativa cresceu 9,7% de novembro para cá, já que no levantamento anterior a quantidade de pessoas que disse ser “ruim” ou “péssima” a atuação do governo foi de 55%.
Quando questionados sobre atuação do Executivo no mercado de trabalho, 42,8% avaliam como ruim ou péssima, e apenas 27,5% como ótima ou boa.
Necessidade de recuperação da confiança
De volta à pesquisa da CNC, a avaliação sobre a Condição Atual da Economia também mostrou resultados desfavoráveis, com retração de 5,1%.
A visão negativa dos empresários do setor do comércio se confirma por uma queda de 26,8% na comparação anual.
A opinião alinha-se a um contexto de juros elevados e uma trajetória econômica complexa em comparação ao primeiro trimestre do ano passado.
“Diante desse cenário que a pesquisa nos apresenta, ressaltamos a necessidade de atenção às atuais tendências econômicas e de investimento para que sejam priorizadas medidas que visem à recuperação da confiança do empresariado e à melhoria das condições de consumo no País”, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.