O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu, nesta quarta-feira (18), elevar a Selic (taxa básica de juros) em 0,25 p.p. (ponto percentual), levando, assim, a taxa ao patamar de 10,75% ao ano.
A decisão foi unânime e fugiu do caminho que o Copom vinha determinando para a Selic. O ciclo de queda da taxa começou em junho de 2023, mas foi interrompido em junho de 2024. Desde então, a taxa vem sendo mantida no nível de 10,50% ao ano.
O aumento não foi uma surpresa para o mercado, visto que o consenso de especialistas já esperava que o Copom seguiria este caminho.
No comunicado da decisão, o Colegiado disse entender que “entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.
Os membros destacaram ter analisado toda a “evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis”.
“O ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”, afirmou o Copom em nota.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, afirmou.
As sinalizações de que a Selic voltaria a um ciclo de alta começaram desde a reunião anterior do Colegiado do BC, no final de julho, e se fortaleceram na ata divulgada no ínicio de agosto.
Copom avalia que cenário externo demanda cautela
O colegiado afirmou que o ambiente está marcado por pressões nos mercados de trabalho, além isso, há um menor sincronia entre os países, no que diz respeito aos ciclos de política monetária.
As projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), apuradas pelo Relatório Focus do próprio BC, indicam níveis em torno de 4,4% em 2024 e 4,0% em 2025, lembrou o Comitê.
“O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação”, escreveu.
Um dos pontos que tem se destacado na últimas decisões do Copom é o posicionamento de Gabriel Galípolo, que, segundo o economista Bruno Corano, já indicava que votaria a favor do aumento.
“O próprio [Gabriel] Galípolo deve votar a favor do aumento e isso mostra, de fato, uma visão técnica e não política, o que é muito bom. Caso isso se concretize, o receio que tínhamos do Galípolo se tornar um instrumento de manobra do governo dentro do banco central não de se confirmar”, destacou Corano.