
Os Correios avançam em um dos movimentos mais profundos de reestruturação já previstos pela estatal. A companhia estima 15 mil demissões por meio de um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV) entre 2026 e 2027.
Portanto, a projeção considera a saída de 10 mil empregados em 2026 e outros 5 mil em 2027, números que se tornam peças centrais no redesenho financeiro que a empresa tenta viabilizar junto ao governo.
Em nota divulgada no sábado (6), a estatal afirmou que o programa está sendo “dimensionado com base em estudos técnicos em curso”.
Ainda de acordo com o comunicado, o objetivo é garantir adesão voluntária e economicamente viável, com impacto positivo no custo fixo no médio prazo.
Reestruturação dos Correios e novo PDV
A direção dos Correios afirma que o programa busca ajustar o quadro funcional “de forma responsável, sem rupturas e valorizando quem construiu a história da empresa”. Detalhes operacionais serão apresentados aos empregados quando os estudos forem concluídos.
Sendo assim, a medida integra o plano mais amplo de recuperação financeira que está sendo negociado com a equipe econômica do governo.
Aporte emergencial de R$ 6 bilhões
Para recompor o caixa ainda em dezembro, os Correios trabalham para obter um aporte emergencial de R$ 6 bilhões do Tesouro Nacional.
A estatal pretende apresentar uma nova proposta, reduzindo o valor do empréstimo que antes estava sendo negociado, estimado em R$ 20 bilhões.
O novo desenho prevê uma captação entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, com possibilidade de expansão conforme o avanço da reestruturação e a adesão ao PDV.
Pessoas próximas às negociações afirmam que o repasse emergencial permitiria atravessar o fim do ano, garantindo salários, 13º e pagamentos a fornecedores.
Déficit, caixa e negociações com bancos
Internamente, a avaliação é de que o aporte cobre o déficit de 2025 e oferece fôlego inicial para reequilibrar o caixa. Após isso, a estatal pretende retomar conversas com bancos em condições menos adversas.
Segundo fontes, a primeira tentativa de captação, que previa operação bilionária de R$ 20 bilhões, foi rejeitada por apresentar “altíssimo risco” à União, segundo a equipe econômica.
Entretanto, no entendimento dos Correios, a redução do valor do empréstimo pode ampliar o interesse das instituições financeiras e reduzir custos.
Além disso, a estratégia passa por tornar o “cheque” mais atraente para o mercado e ajustar o financiamento ao ritmo da reestruturação.
Metas operacionais e pressão por liquidez
Em comunicado interno enviado na sexta-feira (5), a direção orientou foco na liquidez imediata, continuidade dos serviços e cumprimento dos prazos de entrega, com meta de atingir 95% das encomendas entregues no prazo até janeiro de 2026.
A estatal afirma que a reestruturação de 2025 a 2027 será guiada por prioridades de caixa e preservação de empregos, mas reforça que o processo depende do redesenho financeiro e do aval do governo.
Posição do governo e exigência de contrapartidas
O governo tem afirmado que qualquer liberação de recursos, seja aporte direto, garantia ou empréstimo, dependerá da aprovação prévia de um plano de recuperação.
Dessa forma, na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que não haverá apoio sem contrapartidas e respeito às regras fiscais.
Em suma, a decisão final caberá ao Tesouro, após análise do projeto de reestruturação.