Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil (BC), reforçou nesta sexta-feira (21) a intenção do Copom (Comitê de Política Monetária) de aumentar em um ponto percentual a Selic. A próxima reunião para definir a taxa básica de juros no País será realizada em 3 e 4 de maio.
Em reunião com investidores organizada pelo Bank of America e pela XP Investimentos, Campos Neto disse que o Copom está pronto para ajustar o aperto monetário caso o choque inflacionário exija. O presidente do BC disse que o Copom “avalia que o momento exige serenidade para avaliar o tamanho e a duração dos choques atuais”.
Campos Neto também afirmou que o Comitê “persistirá em sua estratégia até que o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas em torno de suas metas se consolide”. A alta de 1 ponto percentual na Selic corresponde ao mesmo aumento realizado na última reunião do comitê. Atualmente, a taxa encontra- se em 11,75%, após sucessivos aumentos, o maior patamar desde 2017.
A fala de Campos Neto, que está em Washington para reuniões do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, é uma reiteração do que o próprio já havia declarado após divulgação da maior alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para março em 28 anos. Antes da divulgação dos dados, era esperado que o ciclo de aperto econômico fosse encerrado em maio.
No entanto, o presidente do BC adotou um tom mais suave em relação à alta da inflação e da taxa de juros. Segundo ele, parte da surpresa com o IPCA se deu devido à antecipação do reajuste da gasolina. Ele recomendou que o mercado deve separar o que é estrutural e o que foi uma surpresa localizada.
Recente alta da inflação preocupa Roberto Campos Neto
O resultado do IPCA, índice que mede a inflação no Brasil, foi uma “surpresa”, segundo o presidente do BC. Em um evento realizado pela consultoria Arko e Traders em 11 de abril, Campos Neto destacou que o núcleo da inflação estava alto e que o avanço persistente da inflação seria um tema para ser discutido.
Roberto Campos Neto afirmou que a queda do dólar neste ano não está totalmente refletida nos preços, e que quando isso ocorrer, a inflação pode ter uma queda. A meta de inflação para 2022 é de 3,5%. No entanto, projeções mais recentes realizadas pelo Banco Central e por especialistas preveem inflação acima dos 6% até o final do ano.