AgroGalax

Economista-Chefe da XP vê exagero nas preocupações sobre cenário do agro

“Nosso time de análise setorial tem feito um trabalho muito bom em acompanhar a saúde e a evolução, a perspectiva de crescimento do agro brasileiro", disse economista

Caio Megale, economista-chefe da XP/ Foto: Reprodução/ Youtube
Caio Megale, economista-chefe da XP/ Foto: Reprodução/ Youtube

Uma série de fatores econômicos e ambientais têm impulsionado preocupações dos mercados sobre o agronegócio brasileiro, uma vez que cresce o número de empresas que pedem recuperação judicial no setor.

No entanto, em uma análise mais cautelosa, Caio Megale, Economista-Chefe da XP Inc vê que “há um exagero nessa discussão sobre a possibilidade do agro ter algum tipo de problema”.

“Nosso time de análise setorial tem feito um trabalho muito bom em acompanhar a saúde e a evolução, a perspectiva de crescimento do agro brasileiro. A questão é que há um exagero nessa discussão sobre a possibilidade do agro ter algum tipo de problema”, disse.

Diante da recente recuperação judicial da AgroGalax e da volatilidade nas cotações de commodities, a saúde financeira das empresas agropecuárias brasileiras tornou-se uma preocupação relevante. Caio Megale apontou ao BP Money, que, em geral, o setor agro mantém um bom equilíbrio financeiro: “As empresas estão bem equilibradas, com caixa e níveis de endividamento que cresceram, mas já deram uma recuada.” 

Apesar disso, Megale ressalta que, no plano individual, algumas empresas podem enfrentar dificuldades devido a uma gestão financeira menos cuidadosa. 

“É possível que tenha uma ou outra empresa que tenha feito uma gestão errada. Isso pode acontecer a qualquer momento e a empresa tropeçar por fatores próprios e não pelo ambiente externo”, observou.

Influência das commodities e do câmbio na rentabilidade do agro

A queda recente nos preços das commodities, especialmente no mercado internacional, gerou incertezas entre exportadores. Megale esclareceu que, embora isso impacte a rentabilidade do setor, outros fatores, como a desvalorização do câmbio, compensam parte dessa perda. “A taxa de câmbio desvalorizou e os volumes continuam favoráveis”, comentou. Segundo o economista, o mercado de exportação de commodities é bastante inelástico, o que significa que o setor tem uma capacidade de venda sustentada pelo volume, mesmo com quedas de preços.

Megale destacou que o agro brasileiro possui três componentes de rentabilidade: o preço internacional, o câmbio que converte os valores para reais e o volume de exportação. 

“Mesmo com o preço em baixa, a taxa de câmbio e os volumes ainda são fatores de equilíbrio, fazendo com que a perda de rentabilidade seja marginal”, explicou.

Impacto das tensões geopolíticas: Ucrânia, Rússia e Oriente Médio

Sobre a estabilidade dos preços das commodities, após o pico ocorrido no início do conflito entre Rússia e Ucrânia, Megale observa que, para o mercado, esse cenário de conflito está, em certa medida, “precificado”.  

“Acho que a parte da Ucrânia e Rússia está mais ou menos equacionada e está no preço. Acho que está ficando claro ali que o avanço da Rússia, em boa parte dela, vai ser permanente. Vai chegar ali num certo acordo de paz, ou sem muita paz, mas vai chegar num acordo em algum momento”, disse.

Por outro lado, o Oriente Médio desponta como uma nova região de risco, especialmente para commodities energéticas e agrícolas. Megale citou a recente preocupação com possíveis bombardeios em áreas produtivas no Irã, que poderiam afetar a cadeia de fornecimento de energia e, indiretamente, fertilizantes e grãos. 

“Essas tensões geopolíticas no Oriente Médio e outros fatores, como as eleições americanas, podem dar uma sustentação ao preço das commodities, beneficiando o Brasil nesse cenário”, ponderou o economista.

Economista comenta sobre eleições nos EUA e reflexos para o Brasil

Outro aspecto que influencia o mercado de commodities é o panorama político nos EUA, particularmente com a aproximação das eleições. Megale destaca que o resultado eleitoral pode trazer novos desdobramentos para as relações internacionais, especialmente no que diz respeito aos conflitos em andamento. 

“O fim da eleição americana será importante para que esse acordo entre Rússia e Ucrânia, ainda que parcial, possa ser desenhado,” afirmou.

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