‘BBB é indispensável para quem tem estratégias de branding e vendas como metas fundamentais do negócio’, diz Rodrigo Volponi

Em conversa com a BP Money, o estrategista digital e especialista em negócios digitais, Rodrigo Volponi, falou sobre o início da sua trajetória com o empreendedorismo e explicou alguns pontos importantes entre a relação de empresas com o Big Brother Brasil, reality show transmitido pela TV Globo.

Confira na íntegra:

Quem é Rodrigo Volponi?

Sou um empreendedor que acredita que o mundo pode ser transformado por meio da educação. Já fizemos parte da história de mais de 50.000 pessoas por meio dos nossos treinamentos, gerando um GMV de aproximadamente R$30 milhões em vendas. Antes disso, sou o pai do Ragnar, marido da Lu, ex-jogador de poker online, ex-garimpeiro e um profissional da psicologia. Nas horas vagas, músico e nerd de games. Sou um pouco disto tudo, um exímio polímata.

Como começou a sua trajetória de empreendedorismo?

Desde cedo empreendo por influência do meu pai, que sempre trabalhou por si. O poker online, em 2005, foi a chave para aprender a trabalhar pela internet. O garimpo ao qual trabalhei também era da minha família, e pude aprender muito lá. Se engana quem pensa que a vida era fácil: foi uma história de inúmeras quebras e altos e baixos. Em 2010, criei meu blog sobre empreendedorismo, em 2011 conheci o JP Resende, fundador da Hotmart. Em 2013 foi um grande ponto de virada: fui contratado pela Hotmart e senti que era “pago para aprender”. Fui gerente de suporte e posteriormente gerente de sucesso de cliente da plataforma. Eu abri e criei as duas áreas. Ao mesmo tempo, eu continuava empreendendo pela internet e o pedido de demissão foi natural. Sou amigo dos fundadores da Hotmart hoje e sempre! Abri a WebMentoring em agosto de 2015, junto com a minha esposa Luciana Volponi e, desde então, seguimos na vida do empreendedorismo efetivamente.

Quanto é rentável para as marcas ter ativações no Big Brother Brasil?

Pra entender a dimensão do programa, temos que encarar primeiro os seus números. O alcance médio diário do programa é de 39 milhões de pessoas, o que dá algo entre 39 a 40 pontos de ibope. É provável que essa audiência ainda seja maior, pois sempre há público não mensurado.

Consideremos também o período pandêmico, no qual as pessoas estão em casa, ávidas por entretenimento. Eu diria que em termos de alcance, o BBB é uma ferramenta indispensável para quem tem estratégias de branding e vendas como metas fundamentais de seu negócio. É um jogo um tanto quanto exclusivo, afinal as cotas são vendidas na casa dos milhões ou dezenas de milhões. Mas para as grandes empresas, estar presente no BBB é atualmente uma forma de estar na casa do cidadão médio brasileiro, que realmente está assistindo o programa.

O Big Brother pode trazer um desfecho negativo para a empresa patrocinadora? Qual seria ele?

Como o ambiente é extremamente controlado pela produção, principalmente a edição que vai ao ar na TV aberta, dificilmente o desfecho pode ser negativo. A menos que a direção do programa perca as rédeas, o que é muito improvável que aconteça. O programa está na sua 21 edição e não é à toa: eles sabem criar a partir de vivências reais, que acontecem em um ambiente artificial, histórias que encantam o público. A menos que aconteça uma catástrofe em alguma prova do programa associada a uma ação de marca, é muito, muito difícil que a exposição da marca seja prejudicial. Talvez, com o público que não goste do programa, a marca enfraqueça, mas a gente sabe que esse público é bem pequeno perto da grande massa apaixonada. Essa é a verdade.

Como o BBB se transformou em um grande aprendizado para as marcas?

O programa lida com a psicologia social articulada em um ambiente artificial. As pessoas pensam e agem em sua individualidade, mas são potencializadas pelo ambiente que artificializa as relações. Muitos pensam que o programa trata-se da verdade do outro, que não é possível esconder, porém desconsideram a artificialidade para que essa verdade apareça. Em nenhum outro ambiente da vida as pessoas são obrigadas a se confrontar com tanta frequência como no BBB.

Entretanto, devemos lembrar que o programa só existe porque atende às nossas expectativas mais íntimas relacionadas a violência em conflitos. Se o programa fosse um mar de rosas, certamente não haveria tanto interesse. E justamente pelo programa entregar a violência subjetiva que a audiência espera, é uma explosão. Talvez a principal lição para as marcas seja comunicar e entregar um produto que a audiência espera. Um entretenimento baseado na expectativa do outro. É claro, nem sempre essa entrega precisa ser artificial. As empresas podem se comunicar melhor com os clientes de uma outra maneira.

O BBB continuará sendo um bom negócio para as marcas mesmo após tantos anos de edição?

Enquanto houver audiência, será um bom negócio. O programa está na sua 21 edição, mais vivo do que nunca. Isso diz muito a respeito do que a sociedade espera como entretenimento. E na relação de demanda e oferta do mercado, a demanda representada pela audiência ao desejar ver conflitos e a oferta dada através do programa, inúmeras marcas podem se associar a este processo e crescer. Porém, o programa mostra também a sua capacidade de articulação e adaptação, tendo em vista que o sucesso voltou a ser sinônimo de BBB somente no ano passado com a entrada dos influenciadores, angariando assim uma nova audiência.

Qual a sua opinião sobre a relação BBB X redes sociais? Onde começa e termina a cultura do cancelamento?

As pessoas em geral são ávidas para cobrar erros alheios, mas dificilmente reconhecem suas próprias falhas. Isso acompanha a humanidade desde o seu princípio, de Jesus ao dizer “Atire a primeira pedra aquele que nunca pecou” a Pitty, com “Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”. O BBB escancara aspectos humanos em suas sutilezas, da bondade de uns e a maldade de outros. Gostamos de elencar heróis, Joseph Campbell em seu livro “Herói de Mil Faces” fala sobre isso: heróis ávidos em suas crenças e valores, assim como os vilões. O BBB acaba entregando isto, uma “estória” que gostaríamos de ver e ouvir.

Entretanto, a internet potencializa a crítica, e um comportamento que seria esquecido em outros meios já não é. A internet guarda para a posterioridade. Vemos as pessoas agindo em prol da destruição e aniquilação do outro. Um erro sempre será um erro, mas o mal se justifica com outro mal? É importante ponderar. Assim como o amor pelo futebol destrói amizades e até famílias, devemos reconsiderar a nossa relação com a internet e o erro do outro. Daquele que pensa diferente de nós. Porque, no fim, também podemos ser destacados pelos nossos erros.