
José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e uma das figuras políticas mais carismáticas da América Latina, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em Montevidéu.
Em janeiro, Mujica revelou publicamente que um câncer havia espalhado-se para seu fígado, sem chance de tratamento.
Com a serenidade que sempre marcou sua trajetória, anunciou que estava “chegando ao fim”, após décadas dedicadas à política, à filosofia e ao povo uruguaio.
Câncer no fígado e fim do tratamento: a despedida de Pepe Mujica
Nos últimos meses de vida, Mujica enfrentou complicações provocadas pelo avanço da doença e pelos efeitos da radioterapia. Dessa forma, em suas últimas entrevistas, pediu privacidade e demonstrou lucidez ao aceitar o fim.
“O guerreiro tem direito ao descanso”, declarou, com a honestidade crua que o caracterizava.
Entre suas vontades finais, Mujica expressou o desejo de acabar sendo sepultado no sítio em que viveu por décadas e que se tornou símbolo de seu modo simples e direto de governar. “Vou morrer aqui. Tem uma sequoia grande lá fora.
Manuela está enterrada lá. Estou preenchendo a papelada para que eles possam me enterrar lá também”, disse, em referência à cadela que o acompanhou durante seu mandato.
Legado de Mujica: da prisão à presidência com ética e coragem
Pepe Mujica é lembrado não apenas como presidente do Uruguai (2010–2015), mas como uma figura que rompeu os padrões tradicionais da política.
Ex-guerrilheiro tupamaro, passou mais de uma década preso durante a ditadura militar. Mais tarde, conquistou respeito mundial por sua visão progressista, sua postura ética e sua recusa aos luxos do poder — continuou vivendo em seu sítio e doando boa parte de seu salário como presidente.
Em suma, sua morte deixa um vazio não só no Uruguai, mas também no coração de todos que se inspiraram por sua autenticidade e ideais. Além disso, Mujica deixa o legado de que é possível governar com verdade, empatia e propósito.