Eu não poderia escrever o texto desta semana sem mencionar a Feira Naturebas. Pensei em como inseri-la na Coluna e acabei decidindo falar somente dela. Poderia escrever algumas páginas sobre a minha experiência, mas acredito que alguns parágrafos irão satisfazer a meia dúzia de leitores que perguntaram a minha opinião, bem como, os que se ausentaram do evento, mas acompanharam os acontecimentos pelas redes sociais.
Em poucas palavras, a Feira Naturebas foi um sucesso. Expositores do Brasil e do mundo se reuniram na Casa das Caldeiras para mostrar aos visitantes seus produtos e suas histórias. Vale ressaltar que a Naturebas é a primeira – e ainda única – feira no Brasil especializada em vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos, pouco a pouco se tornando referência sobre o tema na América Latina.
Dentre os produtos, destacam-se Chocolate, Queijos, Charcutaria, Produtos de Bem Estar, Sake, Frutos do Mar, Pães e claro, muito vinho. A regra da feira é uma: um espaço livre para quem produz vender diretamente para quem come ou bebe, pois eles acreditam que mudar a forma de consumir é uma das grandes chaves do movimento de vinhos naturais e agricultura limpa.
Pode parecer romântico demais, porém os mais de 10 anos de sucesso da feira diriam o contrário. Importante reconhecer também que não lembro a última vez que a feira não teve seus ingressos esgotados. O público gosta do evento, se sente acolhido, reencontra velhos amigos, faz novos, conhece produtos anteriormente desconhecidos e relembra velhos sabores e aromas de outros carnavais, isso é a Naturebas.
Mas qual é o motivo destas minhas palavras poéticas e um pouco melosas? Descrever como um ambiente desta natureza pode ser (e é) solo fértil para a expansão do mercado brasileiro de produtos naturais, principalmente de vinho. Em eventos como a Naturebas, o consumidor brasileiro está exposto ao novo. Sim, o Brasil faz bons vinhos. Sim, existem centenas de produtores desconhecidos. Sim, você pode investir seu dinheiro em compras de vinho mais inteligentes (e melhores).
Estimo (da minha cabeça) que cada visitante da feira conheceu entre 50 e 100 vinhos anteriormente desconhecidos. Para os curiosos, quanto tempo levaria para provar estes mesmos vinhos caso fosse necessário comprar garrafas para consumo domiciliar? Isso pensando em vinho nacional, mas e se consideramos as importadoras, cujo os vinhos tendem a ser ainda mais caros por motivos óbvios? Pois é.
Se você está iniciando a sua jornada de conhecimento, tentando provar o máximo possível e conhecer as pessoas “certas”, a Feira Naturebas é uma questão de necessidade. Do ponto de vista de negócios, não consigo nem estimar a quantidade de capital movimenta durante e após a feira por consumidores entusiasmados com as descobertas feitas no evento. Isso sem mencionar as inúmeras parcerias comerciais que irão florescer por conta de encontros marcados ou voluntários (assim como fermentação induzida ou espontânea em vinho) entre os presentes.
Em linguagem de mercado da qual domino pouco, mas tento sempre me adequar por conta deste fórum em que tenho a honra de ser colunista, desde o entusiasta até o profissional, cada compra de vinho é um investimento em renda variável, especificamente um único ativo. Pode ser uma supresa agradável (mercado subiu), pode ser uma decepção (mercado caiu). Já um evento como a Naturebas serve como um investimento num determinado ETF (fundo passivo de índice negociado em bolsa): uma cesta de ativos, alguns vão decepcionar, outros vão surpreender, o que importa é que, no longo prazo, pode ser muito bom para sua carteira (ou adega).
Um jeito barato de investir nos mercados, um jeito barato de provar centenas de rótulos. Último gole, é a minha leitura que iniciativas como a Naturebas são uma questão de necessidade para o desenvolvimento do mercado brasileiro de vinhos nacionais e importados.