
Pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas revelou que a taxa de desemprego entre jovens é mais que o dobro da observada entre adultos mais velhos.
A pesquisa do FGV Ibre com base em dados da Pnad Contínua (IBGE) mostra que, apesar de o desemprego no Brasil ter atingido seu menor patamar em 2024, os jovens permanecem com dificuldades para conseguir uma ocupação.
Entre as barreiras para entrada dos jovens no mercado de trabalho, o estudo da FGV destaca a falta de experiência profissional e a baixa qualificação.
Segundo a FGV, os jovens, por não atenderem aos critérios das vagas formais, acabam aceitando oportunidades na informalidade, e depois enfrentam ainda mais dificuldades para sair do subemprego, gerando um ciclo vicioso.
Os dados revelam que no quarto trimestre de 2024, a taxa de desemprego dos jovens com idade entre 18 e 29 anos (10,1%) era mais que o dobro da observada no grupo de pessoas com idade entre 30 e 59 anos (4,5%), além de ser mais elevada que a média nacional (6,2%).
Os jovens entre 18 e 29 anos representam uma parcela expressiva da população ocupada do país (25% do total de 104 milhões de trabalhadores registrados).
Em números absolutos, no 4º trimestre de 2024 os jovens ocupados no Brasil eram 25,9 milhões.
Desemprego e informalidade crescentes
O grupo de 18 a 29 anos cresceu cerca de 4,2% no último trimestre de 2024 quando comparado com o último trimestre de 2019. Contudo, a magnitude foi muito inferior à observada entre os trabalhadores com idade de 30 a 59 anos, cujo crescimento foi de 8,6%.
Esses resultados comprovam que os jovens têm enfrentado mais dificuldades para sair do desemprego do que o grupo de adultos entre 30 e 59 anos.
Apesar da redução na taxa de informalidade nos dois grupos etários entre 2019 e 2024, a situação permanece mais crítica entre os jovens.
De acordo com o estudo, no 4º trimestre de 2024, a taxa de informalidade dos jovens com idade entre 18 e 29 anos (38,5%) ficou bem próxima da média nacional (38,6%), mas acima da observada entre os trabalhadores de 30 e 59 anos (35,9%).
Outro dado preocupante revelado pela pesquisa da FGV Ibre, além do desemprego, diz respeito à subocupação entre os trabalhadores jovens, entre 18 e 29 anos.
Por definição, os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas são aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais horas.
De acordo com os gráficos, cerca de 5,4% (1,4 milhão) dos jovens entre 18 e 29 anos que estavam trabalhando no 4º trimestre de 2024 se enquadrava na categoria de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas.
O percentual dos jovens subocupados, portanto, foi maior do que o da média nacional (4,8%) e dos trabalhadores mais velhos (4,6%).
Baixo rendimento salarial
A junção de problemas como a subocupação e a elevada taxa de informalidade, contribui, segundo a FGV, para que o rendimento dos jovens seja significativamente menor do que o de outros grupos etários.
No 4º trimestre de 2024, o rendimento real de jovens (R$ 2.297) foi 37,8% menor que os mais velhos (R$ 3.690).
Esse rendimento real dos jovens entre 18 e 29 anos se apresentou quase 31% menor do que o valor médio do país (R$ 3.315).
O relatório conclui que dentre os diversos desafios enfrentados pelos jovens no mercado de trabalho, destacam-se a falta de experiência profissional, a defasagem na qualificação técnica e a desigualdade de acesso à educação de qualidade.
Além disso, muitas pessoas nessa faixa etária precisam conciliar estudo e trabalho, o que pode dificultar o desenvolvimento de habilidades especializadas.
Para a FGV, a baixa inserção dos jovens pode impactar o desenvolvimento econômico, pois reduz a força produtiva ativa e compromete inovação e competitividade.
“Nesse mercado cada vez mais competitivo, profissionais mais velhos e experientes acabam se adequando melhor às vagas ofertadas do que os jovens”, conclui a FGV.