Após setores do mercado financeiro terem se mostrado confusos quanto à recente sinalização do Banco Central (BC) sobre uma possível alta dos juros, o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, ressaltou que suas declarações recentes não extrapolam o que foi mencionado na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Ele também enfatizou a coesão entre a mensagem transmitida pelos diferentes diretores do BC e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto.
“Não há qualquer tipo de reparo em relação a falas anteriores”, disse o diretor em evento, em São Paulo. Ele também afirmou discordar da interpretação de que suas declarações colocaram o BC em um “corner”, ou seja, encurralaram a autoridade monetária em relação ao futuro dos juros.
Nesta semana, Luis Stuhlberger, da Verde Asset, havia dito que “depois de tudo que o Galípolo falou, o BC ficou no corner”.
Tanto Gabriel Galípolo quanto o diretor de política econômica, Diogo Guillen, afirmaram que não se deve confundir o balanço de riscos com uma projeção para a taxa Selic.“O balanço de riscos não deveria ser visto como ‘guidance’ de política monetária, ele é o balanço de riscos sobre a projeção de inflação, e temos tentado ser transparentes sobre ‘guidance’, sobre o que estamos pensando através do comunicado e através da ata”, disse Guillen em outro evento, no Rio.
BC chegou muito perto de intervenção cambial, diz Galípolo
O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira (22) que o comando da autarquia cogitou, debateu e chegou muito próximo de fazer uma intervenção no câmbio, mas determinados que uma atuação poderia ter um efeito contraproducente.
Em evento promovido pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, Galípolo declarou que o BC não quer passar a ideia de que não está analisando uma eventual necessidade de intervenção. As falas fortaleceram que a autoridade monetária só atua nessa área se foram percebidas disfuncionalidades no mercado, não buscando um determinado patamar do dólar.
“Nós cogitamos, debatemos e estamos muito próximos de fazer uma intervenção no câmbio, porque a ideia de disfuncionalidade não diz respeito exclusivamente à métrica de falta de liquidez, mas também ao descolamento dos pares e ao descolamento de fundamentos”, disse Galípolo, de acordo com o “InfoMoney”.
“E, por esses parâmetros, nós assistimos a movimentos bastante relevantes, mas acho que era um momento em que, pela idiossincrasia, talvez uma intervenção pudesse ser contraproducente pelo sinal passado para o mercado”, acrescentou.