Disputa pela Eldorado

J&F e Paper estão pessimistas sobre conciliação, diz Valor

Disputa já se estende há seis anos e nenhuma das empresas parece disposta a abrir mão do controle da Eldorado

Foto: Eldorado/Reprodução
Foto: Eldorado/Reprodução

As sócias J&F Investimentos e Paper Excellence estão pessimistas quanto à possibilidade de trégua na briga pela produtora de celulose Eldorado, apurou o Valor Econômico. Uma nova audiência de conciliação está marcada para 18 de novembro.

As duas empresas estão em disputa pela Eldorado há seis anos e nenhuma parece disposta a abrir mão da companhia, considerando que o setor de celulose tem crescido no Brasil.

O que está em jogo na disputa entre J&F e Paper

A briga começou em setembro de 2017, quando a J&F Investimentos acertou a venda da Eldorado para a Paper Excellence por R$ 15 bilhões. O contrato previa uma aquisição em etapas, a ser concluída em um ano.

Após ter adquirido 49,41% das ações da Eldorado, a Paper acusou a J&F Investimentos de obstruir as negociações para evitar a transferência do controle da companhia de celulose. Em agosto de 2018, a J&F propôs que o contrato fosse estendido e que a venda fosse concluída mediante o pagamento de R$ 6 bilhões adicionais.

A Paper se viu prejudicada e não aceitou o acordo. Em setembro do mesmo ano, a J&F cancelou o contrato sob a justificativa de que a liberação de garantias previstas não havia sido feita.

Desde então, uma arbitragem da CCI (Câmara de Comércio Internacional) foi vencida por unanimidade pela Paper e houve denúncias de ataques de hackers e ameaças de morte contra a empresa.

Outros processos judiciais de aquisição de terras por estrangeiros e alegações de que a venda não respeitou a legislação vigente também entraram na disputa.

Tanto as ações da Eldorado detidas pela J&F quanto os recursos a serem usados pela Paper para a compra do restante da companhia estão em juízo.

Em setembro deste ano, o presidente do tribunal e um árbitro que participava da decisão a favor da Paper renunciaram, por terem sofrido “ameaças frontais” da J&F, segundo relataram.