
O JPMorgan apontou que os indicadores operacionais da Hapvida (HAPV3) registraram uma deterioração ampla no terceiro trimestre de 2025 (3T25), conforme os números divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mesmo com o cenário mais desafiador, o banco decidiu manter a recomendação neutra para as ações da Hapvida, ressaltando que a companhia não enfrenta riscos relevantes de capital ou liquidez no curto prazo.
No relatório assinado por Joseph Giordano, o JPMorgan destaca que a piora dos resultados é evidente tanto nos dados consolidados da Hapvida quanto nas principais operações do grupo.
A avaliação levou em conta o desempenho da Hapvida e da NotreDame Intermédica, que representam as duas regiões mais importantes para a atuação da empresa. Segundo o banco, esses indicadores reforçam o momento desafiador, mas não comprometem a estrutura financeira da Hapvida.
Entre os aspectos negativos destacados no relatório, o JPMorgan aponta que a Hapvida, por meio da NDI, enfrenta um cenário de baixa capacidade de reajuste de preços. Principalmente no mercado de São Paulo, onde a competição segue bastante acirrada.
Além disso, a unidade HAM, responsável pelas operações legadas da Hapvida, registrou um avanço significativo da sinistralidade per capita. Esse aumento ocorre mesmo com o fortalecimento da rede própria e a ampliação dos serviços, fatores que vêm contribuindo para a queda no volume de reclamações dos beneficiários.
“A ausência de reajustes de preços em um contexto de crescimento relevante da sinistralidade deve continuar reduzindo a visibilidade dos resultados no curto prazo e desancorando as expectativas de rentabilidade no longo prazo”, afirmou o relatório.
Hapvida segue em rumo oposto
O JPMorgan destaca que o desempenho da Hapvida segue um rumo diferente do observado no restante do setor de saúde suplementar, que mantém uma trajetória de recuperação em rentabilidade. Para o banco, essa divergência evidencia que os desafios enfrentados pela Hapvida são, em grande parte, específicos da companhia, e não resultado de um problema estrutural do segmento.
Na avaliação do JPMorgan, a comparação da Hapvida com concorrentes de peso, como Amil e Porto Seguro Saúde, é essencial para entender o cenário competitivo em São Paulo. Segundo o relatório, essas operadoras apresentam indicadores mais sólidos, o que amplia o contraste com o desempenho recente da Hapvida no mercado paulista.
Além disso, o banco chama atenção para o impacto desse quadro nas projeções de rentabilidade da Hapvida no longo prazo. Como os ciclos de reajuste levam, em média, 12 meses para surtir efeito. O poder limitado de precificação da companhia tende a pressionar os resultados futuros, especialmente em um ambiente de competição acirrada.
Gestora SPX reduz participação na Hapvida (HAPV3)
Fundos administrados pela SPX Gestão de Recursos venderam parte da fatia que detinham na Hapvida (HAPV3). Após a operação, a gestora passou a ter 18,7 milhões de ações ordinárias, o equivalente a 3,73% do capital da companhia.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira (18), a SPX informou ainda que mantém cerca de 5 milhões de ações alugadas e 53 mil opções de compra, além de 2,3 milhões de instrumentos derivativos atrelados a papéis da Hapvida, todos com liquidação exclusivamente financeira.
A gestora afirma não haver acordos ou contratos que envolvam direito de voto ou negociação de valores mobiliários da empresa.