A busca por alternativas ao sistema bancário tradicional tem levado empresários brasileiros a explorar o crédito internacional como ferramenta para financiar operações, inovação e expansão.
Esse tipo de operação, de acordo com Luciano Bravo, CVO da consultoria Inteligência Comercial (IC), já viabilizou mais de US$ 700 milhões em financiamentos a médios empresários do Brasil.
Bravo explica que o modelo conhecido como Aporte de Crédito Internacional (ACI) oferece condições mais acessíveis.
“Enquanto as taxas locais podem chegar a 30% ao ano, os fundos estrangeiros operam com juros entre 6% e 8% ao ano, sem capitalização”, afirma. Ele ainda destaca que muitos bancos no Brasil captam esses mesmos recursos fora do país, mas os revendem por um custo bem mais alto.
Prazos longos e juros baixos
O ACI também se diferencia pelos prazos. “No Brasil, os financiamentos costumam vencer entre 60 e 365 dias. Já com crédito estrangeiro, a carência mínima é de três anos, com prazo total que pode chegar a dez”, afirma Bravo.
Segundo ele, isso permite que os empresários reinvistam os lucros, ganhando tempo para estruturar o crescimento do negócio.
Esse diferencial, segundo a IC, é essencial para empresas que estão em processo de internacionalização ou ampliação da capacidade produtiva.
“Sem esse tipo de crédito, muitas empresas acabam ficando limitadas às condições do mercado interno, o que dificulta a competição com players globais”, completa o executivo.
Modelo elimina intermediação bancária e reduz exigências de garantias
Para acessar o ACI, é necessário estruturar uma unidade da empresa no exterior. “Esse braço internacional é o responsável por receber o crédito, eliminando a dependência de bancos brasileiros”, diz Bravo.
Ainda de acordo com ele, essa estrutura permite que a empresa atue como um investidor internacional qualificado, recebendo recursos com mais autonomia.
Uma exigência da operação é a apresentação de um imóvel — como planta industrial ou propriedade rural — avaliado em ao menos R$ 50 milhões.
No entanto, esse imóvel não é hipotecado. “O título da propriedade permanece com a empresa ou fiador, mesmo durante a vigência do contrato”, afirma.
Expansão prevista até 2030 movimenta expectativa no setor
A estimativa é que o crédito internacional para empresas brasileiras esteja entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões por ano, considerando o volume total de Investimento Estrangeiro Direto no país em 2024.
Em suma, a projeção da IC é de que o número de empresas atendidas por esse modelo cresça das atuais 50 para 2.500 até 2030.
“Nosso objetivo é proporcionar acesso a um crédito que fortaleça a capacidade de investimento e a competitividade no mercado global”, diz Bravo. Segundo ele, esse modelo “dá uma nova perspectiva de crescimento para quem está travado por barreiras financeiras internas”.