O Magazine Luiza (MGLU3) divulga seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2022 nesta quinta-feira (11). A expectativa do mercado é que o prejuízo da empresa venha acima dos R$ 100 milhões. Segundo especialistas consultados pelo BP Money, os desafios para a varejista não devem parar no cenário macroeconômico, de alta de juros e inflação, já que a empresa precisa de novas estratégias para melhorar seus múltiplos de mercado.
“Seguimos com a visão de um cenário bastante desafiador e de margens pressionadas, por conta do momento macroeconômico que a gente vive no nosso país, com a alta inflacionária e também com a alta da taxa de juros impactando diretamente o consumo da população”, disse Victor Bueno, analista da Nord Research.
O Magalu apresentou um prejuízo líquido ajustado de R$ 98,8 milhões, no primeiro trimestre de 2022. Para o segundo trimestre, o prejuízo deve vir ainda maior para a empresa.
O cenário de alta de juros e inflação, é claro, é o maior impasse para a companhia, que depende do consumo da população para gerar bons números. Por outro lado, existe uma expectativa por melhora em alguns indicadores, devido a possibilidade de repasse de preços com a alta da inflação.
“Possivelmente pode ter uma leve alta na margem bruta da empresa, de acordo com o repasse que ela conseguiu fazer – ou não – da inflação e também uma possível leve alta do seu Ebitda. A tendência é essa para esses principais indicadores, mas a gente possivelmente vai ver um prejuízo elevado para a empresa, acima de R$ 100 milhões, como a gente viu no primeiro trimestre, por conta obviamente dos impactos do cenário atual, principalmente falando de despesas financeiras, impactando o resultado líquido da companhia”, destacou Bueno.
Como o cenário macroeconômico de 2022 não apresenta perspectivas significativas que podem dar fôlego ao varejo, ao menos por enquanto, o analista enxerga um período desafiador para as varejistas pela frente, impactando não só o Magalu como seus pares: Via e Lojas Americanas.
“Vamos acompanhar para ver quais foram esses impactos no segundo trimestre não só para o varejo físico mas também para os canais digitais dessas empresas”, Bueno.
Desafios do Magazine Luiza vão além do macro
Para Thomas Pedrinelli, o Magazine Luiza precisa montar uma nova estratégia para o seu negócio, já que no meio digital existem diversas companhias com o mesmo tipo de operação, oferecendo descontos maiores do que o de seus concorrentes. A guerra por preços, segundo o analista, não é uma opção para uma empresa que quer se manter em um bom nível de maturidade por muito tempo.
“Magazine Luiza é uma boa empresa, tem seus desafios pela frente, mas não acredito no case Magazine Luiza, porque uma empresa que vem pelo preço em uma era digital, provavelmente também vai ser tomada por outra empresa que também vem pelo preço”, disse Pedrinelli.
“Então uma empresa que faz saldão, desconto, mega desconto, ela dura o momento certo que é quando ela vai trazer a escalabilidade do processo e a Magazine Luiza fez isso muito bem, lá atrás. Hoje, ela consegue comprovar que não consegue manter as margens dela utilizando essa estratégia, porque já inchou, cresceu, atingiu uma certa maturidade de empresa e viu que manter esse desconto frenético para ganhar marketshare é difícil. Não acredito que Magalu vai ser um novo estouro”, completou o analista.
A saída para a varejista, segundo o analista, para melhorar os seus múltiplos de mercado, deve ser o aumento do seu portfólio de atuação.
Segundo Pedrinelli, para o quarto trimestre o cenário para a empresa é mais tranquilizante.
“É basicamente o final de ano com compras, que é quando os trabalhadores têm suas bonificações e seu 13º salário. Então a gente deve caminhar para um terceiro tri favorável para a Magazine Luiza e também para o quarto tri deve ter uma estabilidade e até uma margem maior”, disse Pedrinelli.