Para além da Petrobras, veja em quais ações investir do setor de petróleo

Segundo analistas, empresas “juniors” do setor podem ajudar a complementar a carteira

Se por um lado grande parte da população não está satisfeita com as constantes altas nos preços dos combustíveis nos postos de gasolina, por outro investidores buscam as petroleiras para aproveitarem a valorização do petróleo no mercado internacional. Enquanto a Petrobras (PETR3;PETR4), no entanto, sofre com problemas de gestão, PetroReconcavo (RECV3), 3R Petroleum (RRRP3), entre outras, podem ser boas oportunidades de investimento no longo prazo. 

De acordo com o assessor de investimentos da Valor Investimentos, Paulo Luives, devido à dinâmica setorial positiva, as petroleiras passam por um bom momento, com forte geração de caixa e um custo de produção baixo.  

“Você tem, no Brasil, algumas maneiras de se posicionar, aí vai depender muito da sua premissa de investimento. Temos empresas com escala maior, como é o caso da Petrobras, que possui uma eficiência muito boa, mas ao mesmo tempo tem o risco político e você tem os players privados – que são chamados de junior oils – como Petroreconcavo, 3R, que ali você tem mais uma aposta de crescimento”, explicou Luives. 

Segundo o especialista, Petroreconcavo, 3R Petroleum e PetroRio são empresas que estão em fase de crescimento, ou seja, elas não vão passar grandes dividendos diretamente para os acionistas, como a Petrobras faz hoje, mas o potencial delas está justamente em se aproveitar do momento atual para crescer ainda mais no longo prazo.

“Essas empresas, consequentemente, estão em uma esteira de crescimento, inclusive adquirindo os postos que a Petrobras está se desfazendo”, disse o assessor da Valor Investimentos. 

Para Rodrigo Glatt, sócio da GTI Administração de Recursos, investir no setor petroleiro, hoje, visando o longo prazo, pode ser um negócio interessante. 

“As petroleiras, em um horizonte de mais longo prazo, ainda estão baratas, mas existe uma diferença importante entre a Petrobras e as outras empresas privadas. Acho que a Petrobras é disparada a mais barata em relação às outras”, disse Glatt. 

De acordo com o sócio da GTI, a Petrobras é uma empresa muito mais diversificada em relação às outras. Dessa forma, mesmo apresentando riscos, como o político em um ano de eleições, a empresa possui campos de pré-sal maduros e investe em águas mais profundas há muito mais tempo do que as outras companhias do setor. 

“Tanto a Petrorio quanto a 3R e a Reconcavo são empresas novas, chamadas ‘juniors’, que têm riscos operacionais maiores, porque têm menos ativos. O risco operacional de um ativo para empresas como a Petrorio, que tem um Frade e um Wahoo, que representam grande parte da operação, é maior para essas empresas. A Petrobras tem vários campos (o que dilui seus riscos) e tem outras vantagens também”, explicou Glatt.

O sócio da GTI também destacou que a Petrobras está barata porque o mercado precifica todos esses riscos, operacionais e – principalmente – políticos, nela. “Hoje, ela deve estar em três vezes lucro, que é um yield muito alto. A gente está falando de um retorno de 30% ao ano. É um patamar que a gente nunca viu a Petrobras negociar em mais de 25 anos, é realmente muito barato, mesmo levando-se em conta que boa parte dos analistas coloca uma curva de longo prazo de petróleo na casa de 70/75 dólares e o preço a vista do petróleo está na casa dos 110/115 dólares. Se esse preço continuar por mais anos, ela vai ficar mais barata ainda”, concluiu.

O analista da Reach Asset, Pedro Kolar, afirma que apesar da Petrobras ser temida por parte dos investidores devido a sua ligação com o Estado e – consequentemente – a política, a companhia já está precificada considerando esses riscos.

“Pode cair mais? Pode, mas já está em um preço muito barato. Ainda vai ter muita volatilidade, principalmente porque tem eleição, mas pra quem tem estômago é um bom ativo, oferece muitos dividendos. Com o petróleo caindo, cai também um pouco do peso do risco político sobre a companhia”, explicou Kolar

Para o analista, a não ser que aconteça, de fato, uma recessão global, o consumo de petróleo continuará forte e, por isso, as empresas do setor serão beneficiadas. “A gente espera que o petróleo caia ainda mais do que os níveis atuais, fique mais perto de US$ 90 por barril para esse segundo semestre e, mesmo assim, se a gente coloca esses valores nos nossos modelos, tem muito upside (valorização esperada das empresas)”, afirmou Kolar.  

O analista da Reach Asset destaca que os papéis recomendados pela casa de análises para o setor fogem um pouco do usual (Petrobras). “A gente continua com posições em 3R e PetroReconcavo, vendo esse crescimento nos campos e, mesmo com o petróleo caindo para US$ 70 no ano que vem, ainda tem uma valorização bem grande para ser capturada”, finalizou Kolar.