O Ifood irá encerrar as operações na Colômbia, onde atua desde 2015, segundo fontes ouvidas pelo BP Money nesta sexta-feira (21). De acordo com a apuração, a empresa brasileira de delivery optou por priorizar mercados mais importantes, como o do Brasil, e otimizar novas variáveis do negócio.
Além disso, o cenário global instável, com a alta das taxas de juros e uma possível recessão já no curto prazo, também pesaram na decisão do Ifood de abandonar a Colômbia. O Ifood pertence a Movile, uma multinacional brasileira de aplicativos e serviços.
“É uma equação difícil. Claramente a operação na Colômbia era um grande desafio e não vinha bem. Com a economia global mudando, o desafio se tornou ainda maior. No momento, creio que a empresa optou por reunir forças em outros mercados e sair da Colômbia onde a briga era grande demais para o momento”, disse uma fonte com conhecimento do setor.
O país tinha uma atenção especial da companhia brasileira dado que o Rappi, um dos principais concorrentes do Ifood no continente, era de lá.
Em 2020, o Ifood havia anunciado uma parceria com o Delivery Hero, um dos principais marketplaces globais de entrega de alimentos, mirando ocupar o segundo lugar no mercado colombiano.
Mas, em agosto desse ano, a Prosus adqiriu o controle total do iFood em um negócio de até R$ 9,4 bilhões, através da compra de uma fatia remanescente de 33,3%, o que fez a empresa brasileira ser avaliada em torno de R$ 28 bilhões.
Com o foco (e dinheiro) mais voltado às demais operações, o Ifood poderá continuar a expandir os negócios no segmento de supermercados e, também, serviços financeiros a restaurantes.
Procurado, o Ifood informou que irá deixar a operação no dia 21 de novembro. Confira comunicado na íntegra:
O iFood vai encerrar suas operações na Colômbia a partir de 21 de novembro de 2022.
A decisão é uma estratégia do negócio em função do momento do mercado de capitais. O iFood seguirá investindo no Brasil, onde nasceu e é líder, a fim de crescer e oferecer os melhores serviços e oportunidades para seus consumidores e parceiros, dando continuidade a sua jornada de sucesso e excelência.
Durante o processo de encerramento das operações na Colômbia, o iFood oferecerá suporte e informações a todos clientes, entregadores e restaurantes, atendendo a eventuais demandas e dúvidas da melhor maneira possível.
Ifood: lucro não é prioridade no momento
Em agosto, o CEO do iFood, Fabricio Bloisi, afirmou que a prioridade da companhia de delivery não é o lucro. A declaração ocorreu após a gigante holandesa Prosus, subsidiária de investimentos internacionais do grupo Naspers e controladora da Movile, ter adquirido a participação remanescente de 33,3% do iFood.
“Não estou sendo cobrado, ou me cobrando, para entregar lucro esta semana, mas para criar tecnologia e inovação para desenvolver um mercado fortemente. Quando vai ser lucrativo não é minha meta principal hoje”, afirmou Bloisi em entrevista ao jornal “Valor Econômico”.
A empresa, apesar de visar seu crescimento, também quer aumentar a eficiência em detrimento do lucro nos próximos meses.
“Estamos otimizando a operação há cinco meses. A gente quer uma operação mais eficiente, temos tido resultados ótimos e isso vai continuar acontecendo, mas, em hipótese alguma”, explicou Bloisi.
Em 2022, o iFood registrou US$ 206 milhões de prejuízo líquido. Por outro lado, a empresa teve uma geração de receita de US$ 991 milhões.