Air Force One

‘Palácio voador’: veja o Boeing 747 de luxo aceito por Trump

Segundo o Departamento de Defesa, a aeronave poderá ser adaptada para uso presidencial e servir como um novo Air Force One

Foto: Reprodução/CNN
Foto: Reprodução/CNN

Os EUA aceitaram um presente de alto valor simbólico e financeiro: um Boeing 747 luxuosamente equipado, oferecido pelo governo do Catar ao presidente Donald Trump.

Segundo o Departamento de Defesa, a aeronave poderá ser adaptada para uso presidencial e servir como um novo Air Force One, embora precise de atualizações profundas para atender aos protocolos de segurança exigidos.

A aeronave, avaliada em aproximadamente US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão), ainda não está pronta para transportar o presidente com segurança, como reconheceram autoridades do Pentágono.

A Força Aérea já foi encarregada de estudar as modificações necessárias para transformar o jato em uma aeronave oficial do governo.

“Qualquer aeronave civil precisará de modificações significativas para isso”, declarou Troy Meink, secretário da Força Aérea, durante audiência no Senado na última terça-feira. Ele acrescentou: “Não estamos analisando agora o que será necessário para essa aeronave em particular.”

O jato chegou aos EUA em 15 de fevereiro, cerca de um mês após Trump reassumir a Presidência. A entrega ocorreu em West Palm Beach, na Flórida, e coincidiu com uma estadia de Trump em seu resort na região.

Naquela manhã, o presidente deixou o clube e foi até o aeroporto de carro para inspecionar pessoalmente a aeronave, anteriormente usada pela família real do Catar.

O folheto comercial do avião exaltava o acabamento luxuoso do interior: “Cada superfície e detalhe deste ambiente reflete o design opulento”, dizia o material promocional. “O mais alto nível de artesanato e engenharia foi aplicado meticulosamente para equipar o interior.”

Projetado para um seleto grupo de passageiros, o Boeing 747-8 operado pela Qatar Amiri Flight conta com uma configuração de apenas 89 assentos para passageiros e 18 para tripulantes. 

O andar superior abriga um lounge e uma central de comunicações, e o quarto principal pode ser “convertido em uma Unidade de Transporte de Paciente Médico com fornecimento direto de oxigênio”. A tripulação conta com uma área exclusiva em “classe executiva”, com 12 poltronas reclináveis.

Considerado um dos jatos privados mais luxuosos do mundo, o modelo catariano deverá passar por um rigoroso processo de adaptação antes de assumir qualquer função oficial.

O interior do Boeing 747 doado ao presidente Donald Trump impressiona pelo luxo e pela sofisticação, remetendo à opulência de um verdadeiro “palácio voador”. O jato foi projetado com atenção minuciosa aos detalhes, incluindo suítes privativas, salas de reunião, escritórios, amplas áreas de convivência, escadaria central, chuveiros e acabamentos em madeira de alta qualidade. O requinte da decoração é complementado por sistemas avançados de comunicação, entretenimento e segurança.

No site da fabricante, o modelo é descrito como tecnologicamente avançado: “O 747-8 Intercontinental apresenta a mais nova combinação de motor e asa do setor, novos materiais avançados e um cockpit atualizado para melhor desempenho com um pequeno impacto ambiental.”

Pressões políticas e receios de segurança acompanham a doação

Apesar do simbolismo e do luxo, a aceitação do avião não passou despercebida por parlamentares dos EUA, que expressaram receios sobre os riscos envolvidos. Congressistas de ambos os partidos manifestaram preocupação com a possibilidade de que Donald Trump tente acelerar a conversão do jato para o uso presidencial antes que ele seja devidamente equipado com sistemas de segurança essenciais.

Entre os pontos sensíveis estão defesas antimísseis e proteção contra impulsos eletromagnéticos — medidas indispensáveis para uma aeronave que possa operar em situações extremas, como um ataque nuclear.

“Se o presidente Trump insistir em converter esse avião em um Air Force One reforçado antes de 2029, eu me preocupo com as pressões que vocês podem sofrer para cortar custos com a segurança operacional”, alertou a senadora democrata Tammy Duckworth, durante audiência com o secretário da Força Aérea, Troy Meink.

A origem do presente também levantou suspeitas no Congresso. Parlamentares questionam se o Catar estaria tentando exercer influência política por meio da doação, ou se o próprio jato poderia conter dispositivos ocultos de espionagem.

O primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Aal-Thani, falou publicamente sobre o assunto nesta semana, esclarecendo que a entrega foi aprovada oficialmente por seu governo e negando qualquer intenção de manipulação política.

“Somos um país que gostaria de ter uma forte parceria e uma forte amizade, e tudo o que fornecemos a qualquer país é fornecido por respeito a essa parceria e é uma relação de mão dupla”, afirmou. “É mutuamente benéfico para o Catar e para os Estados Unidos.”