Congresso Nacional

PEC da Blindagem e urgência para Anistia: centrão sai fortalecido

Câmara aprova PEC da Blindagem, que segue para o Senado; projeto de Anistia deve ser votado na próxima semana

(Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil)
(Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil)

Analistas políticos ouvidos pelo InfoMoney avaliam que o grande vencedor da semana em Brasília foi o Centrão. Em poucos dias, a Câmara aprovou o texto-base da chamada PEC da Blindagem e deu urgência ao projeto de Anistia, que beneficia investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

“Para variar, quem ganhou foi o estamento político e, para variar, quem perdeu foi a população”, disse o cientista político e sociólogo Antônio Lavareda.

Segundo ele, o Centrão fortaleceu sua posição ao fechar uma aliança estratégica com a bancada bolsonarista, priorizando a chamada agenda das prerrogativas — apelidada de PEC da Blindagem por restringir a abertura de investigações contra parlamentares.

Sobre a tramitação no Senado e a votação da Anistia na Câmara, previstas para a próxima semana, Lavareda evitou previsões. “Esta fase turbulenta é marcada pela imprevisibilidade.

Se eu apontar qualquer direção, estarei apenas torcendo. Não posso assistir à política como torcedor.”

Já o consultor político e CEO da Consillium, Antônio Augusto de Queiroz, acredita que a PEC da Blindagem tende a ser rejeitada no Senado.

“O próprio relator disse que tem pouca chance de passar. Até senadores bolsonaristas apontam imoralidade no texto. Todos os lavajatistas são contra”, afirmou.

Segundo Lavareda, os bolsonaristas têm dado mais ênfase pública à defesa da Anistia do que à PEC da Blindagem.

Contradições

Para Queiroz, há incoerência na posição de parte da bancada bolsonarista.

“Antes defendiam a transparência e se apresentavam como antissistema. Agora, o que pode ser mais defesa do sistema do que a blindagem de políticos? Pelo menos na Câmara deixam claro que o único objetivo é livrar o Bolsonaro.”

Ele acredita ainda que as votações terão reflexo nas urnas: “O eleitor vai dizer: este senador, este deputado votou pela blindagem, contra a transparência. Isso vai repercutir na eleição.”