Política

Campos Neto: Brasil tem a menor inflação em meio a surto mundial

Neto sustentou que a situação se deve, em parte, à decisão do BC de começar a subir os juros antes das demais economias

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou, durante discurso em Fortaleza, que é a primeira vez que o mundo vive uma crise inflacionária e o Brasil tem uma das taxas mais baixas. De acordo com ele, o motivo é que o país começou a elevar a taxa antes das demais economias. Quando o Banco Central inicia o ajuste monetário mais rápido, pontuou, o custo para a sociedade é menor. As informações são do Info Money.

Após uma retrospectiva do combate à pandemia, que exigiu ações coordenadas de estímulo fiscal e monetário para evitar uma recessão, o presidente destacou que a inflação e seus componentes estão diminuindo em vários países emergentes, incluindo na América Latina.

Nesse sentido, ele ressaltou que a inflação geral no Brasil foi a que mais apresentou queda entre os países emergentes. No entanto, as medidas de inflação subjacente, monitoradas pelo Banco Central, estão diminuindo lentamente, o que requer cautela.

Já nos países avançados, ponderou o presidente do BC, a inflação, após uma queda, voltou a subir. “Isso é tema de muita preocupação”, assinalou Campos Neto. Ele observou que as surpresas de crescimento na China estão para baixo, sendo que o efeito da retomada dos serviços no país não deve se perpetuar.

Com a perspectiva de queda da inflação, a taxa de juros deve cair?

Os economistas do mercado financeiro reduziram, no relatório Focus, a estimativa de inflação de 2023, que passou de 5,95% para 5,93%, ao mesmo tempo em que também elevaram, outra vez, a expectativa para 2024. 

As informações foram divulgadas na segunda-feira (22), pelo Banco Central. Sendo assim, para este ano, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Dessa forma, com a redução da projeção da inflação para este, o questionamento que fica é se podemos esperar uma queda de juros ainda no segundo semestre de 2023. 

O que pode impulsionar a queda da taxa de juros?

Questionado sobre os fatores que podem colaborar para vermos o juros cair efetivamente, o especialista em investimentos  ressaltou que o principal elemento é a desaceleração inflacionária no núcleo de serviços. Contudo, Casagrande destacou que poderá ocorrer uma pressão por parte do governo para que o CMN reduza a inflação meta, assim abrindo caminho para uma queda na Selic.

Por outro lado, o sócio da Matriz Capital, Elcio Cardozo, destacou que o arcabouço fiscal é um fator que pode colaborar para a queda de juros, visto que ele vem para cumprir essa função de trazer previsibilidade para as contas públicas. “O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sempre deixou claro que era necessário uma nova regra fiscal que trouxesse previsibilidade no orçamento público”, afirmou Cardozo.