O Hamas deve escolher Khalil al-Hayya, atualmente baseado no Catar, como o novo líder em substituição a Yahya Sinwar, que foi morto.
Essa escolha deve estreitar ainda mais os laços com o Irã, aumentando a influência deste país na próxima etapa do conflito com Israel.
Al-Hayya é considerado um protegido de Ismail Haniyeh, que foi o antecessor de Sinwar e acredita-se ter sido assassinado por Israel em Teerã, em julho. Ele tem liderado as negociações indiretas com Israel visando um cessar-fogo em Gaza e a liberação de reféns sequestrados pelo Hamas durante os ataques de 7 de outubro do ano passado, que desencadearam a atual crise.
“É quase certo que o próximo líder virá da liderança do movimento em Doha”, escreveram Ghaith al-Omari e Neomi Neumann, do Washington Institute for Near East Policy. Segundo eles, Al-Hayya provavelmente continuará a trajetória de Sinwar tanto na guerra em Gaza quanto na aliança próxima com o Irã.
Al-Hayya indica liderança e promete continuidade da luta
Na sexta-feira, Al-Hayya proferiu um discurso indicando que está assumindo a liderança geral, mesmo que de maneira provisória. Ele se comprometeu a dar continuidade à resistência após a morte de Sinwar, afirmando que os reféns “não serão devolvidos enquanto a agressão a Gaza não cessar”.
Além disso, ele exigiu que Israel se retire de Gaza e que os prisioneiros palestinos sejam liberados das penitenciárias israelenses.
Apesar de ser percebido principalmente como um líder político, Al-Hayya também integra a ala militar de Gaza, colaborando diretamente com o Irã e tendo um papel significativo nos ataques de 7 de outubro.
“Manteremos nosso juramento a você, Abu Ibrahim, e sua bandeira não cairá”, disse ele, referindo-se a Sinwar por seu apelido.
Hassan Abu Haniyeh, especialista em islamismo militante, mencionou que o Hamas pode optar por postergar a nomeação oficial de Al-Hayya para evitar riscos imediatos à sua segurança.
No último sábado (19), o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, emitiu uma declaração enaltecendo Sinwar e sua “determinação de aço” na luta contra as forças israelenses. Khamenei assegurou que “o Hamas está vivo e continuará a existir”, reiterando o apoio contínuo aos “mujahideen”.