Dois terços dos brasileiros são favoráveis à aprovação do projeto que reduz a jornada de trabalho no país para 36 horas, sendo quatro dias de trabalho e três dias de folga.
Foi o que revelou levantamento divulgado nesta terça-feira (8) pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados.
Segundo a pesquisa, que ouviu duas mil pessoas em todos os estados, 65% dizem ser favoráveis à redução da atual jornada, chamada de 6×1.
A jornada de trabalho no Brasil atualmente é de 44 horas semanais, com seis dias de trabalho por um de descaso. Apenas 27% dos entrevistados disseram ser contra a mudança na jornada.
A adesão chega a 74% no Nordeste e atinge 66% no Sudeste. Nas demais regiões do país, o apoio é inferior à média nacional – Norte (59%), Centro-Oeste (57%) e Sul (56%).
Projeto muda jornada na Constituição
A mudança na jornada de trabalho é objeto da proposta que acaba com a escala de seis dias de trabalho por um de folga (6×1).
A PEC, de autoria da deputada Erika Hilton (Psol-SP), foi protocolada na Câmara no dia 25 de fevereiro, com o apoio de 234 parlamentares.
O projeto estabelece uma semana de quatro dias de trabalho. A deputada Erika Hilton disse que elaborou o projeto após meses de conversas com parlamentares e mobilizações para angariar o maior número de adesões à proposta.
“Já há apontamentos políticos e econômicos mostrando que há sim possibilidade de repensarmos essa jornada de trabalho, como foi feito em outros lugares no mundo, aplicando à nossa realidade”, argumentou a deputada.
Erika Hilton disse recentemente que pretende se reunir com o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), para conversar sobre o tema.
“Resta saber se o Congresso Nacional terá interesse político e responsabilidade com a vida dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros e se dará a atenção necessária para que esse texto ganhe um relator, para que a comissão especial seja instalada e para que a gente tenha condições de fazer esse debate como deve ser feito”, disse Erika.
Maioria enxerga mudança como positiva
Em outro recorte da pesquisa, a maioria dos entrevistados (42%) disse que a alteração na jornada seria positiva para o país. Outros 30% disseram que a mudança seria negativa, para 22% a adoção de nova escala não faria diferença, e 6% não souberam responder.
Caso a redução da jornada de trabalho se tornasse uma realidade, 47% afirmaram que utilizariam o tempo livre para se dedicar à família.
Outros 25% disseram que caso houvesse mudança de jornada, dedicariam maior atenção à sua saúde (25%). Também foram citados como benefícios da mudança “fazer renda extra” (22%), e “investir em cursos e capacitações profissionais” (17%).
A sondagem da Nexus também questionou as pessoas sobre os principais benefícios criados pela redução da jornada. Os principais benefícios seriam:
- Melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores (indicado por 65% dos entrevistados);
- Aumento na produtividade (55%);
- Desenvolvimento social do país (45%);
Desenvolvimento econômico (40%)
Foram ouvidas presencialmente duas mil pessoas com mais de 16 anos de idade, nas 27 unidades da federação. As entrevistas foram realizadas de 10 a 15 de janeiro de 2025.