
O setor de saneamento básico tem se consolidado como um dos setores mais promissores da infraestrutura brasileira. Na avaliação de Gabriel Esteca, sócio-fundador e gestor dos fundos da Bocaina, o segmento é impulsionado pela alta demanda por capital e pelo avanço dos programas de concessões em diversas regiões do País.
De acordo com Esteca, o setor exige grandes volumes de investimento e oferece amplo espaço para atuação tanto com dívida quanto com capital próprio (equity).
“É um setor que exige muito capital. Há um enorme volume de trabalho a ser feito para melhorar os índices de atendimento — principalmente em esgotamento sanitário e tratamento de esgoto — em cidades de todo o país”, explica Esteca.
O executivo ressalta que a carência de infraestrutura básica não está restrita às regiões historicamente mais pobres. “Muitas vezes imaginamos que os principais problemas de saneamento estão concentrados nos estados do Nordeste, mas isso não é verdade”, observa. Segundo ele, há municípios com baixa cobertura de coleta e quase nenhuma capacidade de tratamento de efluentes, mesmo em estados mais desenvolvidos economicamente.
Essa demanda generalizada abre espaço para operações estruturadas de crédito e participações complementares em concessões — movimento que tem atraído o interesse de fundos High Yield. A Bocaina, por exemplo, tem concentrado esforços nesse tipo de estrutura, voltada para projetos com risco controlado e retorno competitivo.
“A necessidade de capital é generalizada, e há um espaço muito grande para atuação tanto com dívida quanto com equity complementar nessas concessões”, destacou o executivo.
Setor de rodovias também atrai investidores
Outro setor que tem se mostrado ativo é o de rodovias, impulsionado pelo avanço dos programas estaduais de concessões em regiões como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.
Esses projetos requerem tanto capital próprio quanto instrumentos de dívida diferenciados, como mezzanine, subordinada e bridge loans.
“Assim como no saneamento, as concessões rodoviárias apresentam grande necessidade de capital novo e espaço para operações estruturadas, que complementam o financiamento tradicional”, comenta Esteca.
O executivo também destaca que há oportunidades no segmento não somente no nível federal, mas em diversos estados, como Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), Goiás (GO) e Paraná (PR).
Energia renovável acende alerta; foco maior é em setores com alta demanda de capital
Enquanto saneamento e rodovias se destacam pelo potencial de expansão, o setor de energia renovável começa a dar sinais de estresse financeiro. Esteca explica que o chamado fenômeno do curtailment — restrição à injeção de energia no sistema em momentos de excesso de geração — tem afetado a receita de alguns projetos e pressionado o caixa das empresas.
Com isso, a Bocaina reduziu sua exposição a esse segmento, historicamente um dos mais relevantes em emissões de dívida na infraestrutura.
A estratégia da gestora segue centrada em operações High Yield, com foco em segmentos de infraestrutura que demandam capital novo e oferecem oportunidades de retorno ajustado ao risco.
“Hoje, o setor mais predominante quando falamos de necessidade de capital novo — seja equity, seja dívida complementar — continua sendo o saneamento”, declara Esteca. “Dentro desse setor, há muitas oportunidades a serem capturadas, tanto para a atuação via fundos High Yield quanto por meio de estruturas customizadas de financiamento, com risco controlado e bom retorno”, conclui.