A chamada “super quarta” está no radar do mercado, com o Copom (Comitê de Política Monetária) e o Fed (Federal Reserve) anunciando, nesta quarta-feira (17), suas decisões sobre os juros do Brasil e dos EUA. Analistas avaliam que não devem ocorrer grandes surpresas: a expectativa é de início do ciclo de cortes nos EUA e manutenção da Selic no Brasil.
“Para o Brasil, o mercado espera que o Copom mantenha a Selic em 15% [ao ano] nesta próxima reunião”, disse Cristiano Leal, especialista em investimentos e MBA em Finanças pela FBNF. Sobre os EUA, ele lembrou que, segundo dados da Bolsa de Chicago (CME), há 98% de probabilidade de corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) na decisão do Fed.
No cenário local, a ata mais recente do BC indicou que os juros devem permanecer elevados por mais tempo para assegurar a trajetória de queda da inflação. Segundo Leal, essa desaceleração tem sido gradual e impulsionada principalmente por alimentos e energia, enquanto o núcleo inflacionário segue resistente, em meio a riscos fiscais e externos.
Onde investir em cenário de ‘super quarta’
Com a Selic em 15% ao ano, a renda fixa segue como destaque. “O Tesouro Selic continua sendo a melhor opção prática para quem busca segurança e liquidez. CDBs de bancos sólidos ou fundos DI com taxas de administração baixas também são boas alternativas”, disse Jeff Patzlaff, planejador financeiro.
Ele acrescenta que, no médio prazo, vale olhar para LCIs e LCAs, especialmente pela isenção de IR. Para quem deseja proteção contra a inflação, títulos como o Tesouro IPCA+ com prazos médios ou longos podem ser atrativos.
Por outro lado, Leal pondera que é recomendável evitar pós-fixados muito curtos, pois podem ter ganhos limitados em caso de queda de juros. Já Patzlaff alerta sobre o risco dos prefixados longos: “Se o investidor precisar do capital antes do vencimento e não entender de marcação a mercado, pode sofrer com a volatilidade”.
Ambos destacam a importância de evitar produtos alavancados, estruturas complexas sem transparência ou fundos de crédito privado sem garantias reais. Também recomendam cuidado com fundos de renda fixa com taxas elevadas, já que é possível replicar estratégias simples com Tesouro Direto ou CDBs.
No exterior, com a expectativa de corte pelo Fed, o apetite global por risco pode aumentar, impulsionando ações e títulos longos. Ainda assim, a Selic elevada garante boas oportunidades em renda fixa local.
“Se você quer travar uma taxa atrativa hoje e tem horizonte verdadeiro para o vencimento, prefixados longos podem ser avaliados, desde que haja tolerância a volatilidade de preços”, concluiu Patzlaff.