Para muitos este novo estilo do Laurent Ponsot pode parecer estranho. Sugiro dar uma chance porque ele veio para ficar e chego a arriscar que em breve a grande maioria dos vinhos contarão com esse tipo de tecnologia. Os tradicionalistas que se cuidem.
Como jovem, busco sempre respeitar a tradição e adicionar uma pitada de inovação. Em outras palavras, acredito no respeito pelo passado visando sobre o progresso futuro. É disso que esse texto trata. Inovar em lugar tradicional como a Borgonha é enfrentar críticas. Suspeito que deva ser um movimento parecido de quando banqueiro abandonou o uso de terno.
Se você bebe vinho há algum tempo, tenho certeza que já encontrou uma garrafa defeituosa. Existem inúmeros tipos de defeitos possíveis. Um deles (é bastante notável) é oriundo da exposição direta ao calor, outro é o que chamamos de vinho arrolhado e ocorre quando a rolha se torna contaminada.
Isso possibilita dois problemas principais. São eles (i) oxidação, levando a aromas e sabores desagradáveis, como notas de vinagre, maçã oxidada ou papelão molhado; e (ii) sabor cozido, por conta da alteração na estrutura química do vinho.
Esse sistema criado pelo Laurent não acaba com esse problema (mas te informa quando isso ocorreu e te poupa de uma decepção financeira e gustativa). Ele é o primeiro produtor de alto perfil a adotar a tecnologia que fornece uma história detalhada da vida útil de uma caixa de vinho.
O sensor monitora a temperatura e a umidade dos vinhos finos durante o trajeto do produtor até o cliente, e as informações podem ser lidas em smartphones e tablets, e dependendo da Cuvée, até mesmo na própria garrafa com essa marca verde que muda de cor ao ficar exposta ao calor.
Além disso, a rolha de plástico, outra inovação, impossibilita a mesma de apodrecer, visto que não é feita de matéria orgânica. Ela reage exatamente como uma rolha de cortiça ao calor e ao frio, além de deixar o vinho respirar.
Tampouco é mais necessário colocar as garrafas de lado para manter a rolha úmida. E apesar de ser de polímero, é totalmente reciclável. Acho válida a ressalva porque não há garrafas de 20, 30, 40 anos ou mais para fornecer uma prova positiva de sua qualidade. Dito isto, o que definitivamente não temos até agora são garrafas arrolhadas ou oxidadas.
Com tudo isso dito, me parece que o futuro é promissor, e, quando se trata de inovação, o que mais podemos pedir? Assim como no mercado, a recompensa quase sempre acarreta risco, mas é necessário dar o primeiro passo na escuridão acreditando na possível luz no final do túnel. Em jargão popular, é necessário ter fé.